O relatório da auditoria da Deloitte revela que no caso de um devedor que gerou perdas de 40 milhões de euros, o banco só procurou ativos imobiliários em Portugal para recuperar parte da dívida.
O Novo Banco teve perdas milionárias com algumas dezenas de grandes devedores. No entanto, a instituição liderada por António Ramalho mostrou ter falhas na deteção e execução de ativos que pudessem ajudar a recuperar uma parte dos valores em dívida. Esta é uma das conclusões da auditoria da Deloitte realizada no âmbito da injeção de capital público relativa ao exercício de 2020, que foi tornada pública esta terça-feira.
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“O processo de pesquisa do património dos devedores e avalistas apresenta limitações ao nível da sua abrangência e do seu timing de execução”, lê-se no documento que já tinha sido entregue pelo Governo em abril ao Parlamento mas só agora foi tornada pública.
A terceira auditoria especial, que não identifica os devedores, detalha ainda que os procedimentos realizados através de uma entidade externa “são abrangentes mas não se aplicam à generalidade dos devedores”. Por outro lado, as práticas implementadas internamente no Novo Banco não incluem a pesquisa de toda a tipologia ativos dos devedores e avalistas e não são executados numa base periódica, “não permitindo ao banco ter um conhecimento atualizado de todo o património dos devedores e avalistas que permita assegurar uma melhor tomada de decisão, incluindo em matérias de definição da estratégia de recuperação”.
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Em setembro de 2020, António Ramalho tinha admitido que “recuperar crédito é uma atividade extraordinariamente difícil”. Numa audição na Assembleia da República, o presidente executivo da instituição financeira detalhou que existiam mais de 90 mil ordens executivas em todos os continentes e uma equipa de 60 pessoas a trabalhar nessa recuperação de crédito.
Já antes, em março de 2019, a Comissão de Acompanhamento do Novo Banco, tinha revelado que o banco até tinha contratado detectives internacionais para investigar a fortuna de um cliente incumpridor, “mas sem sucesso”, referiu Bracinha Vieira, membro da comissão responsável para acompanhar a gestão dos ativos do Novo Banco cujas perdas estão cobertas pelo mecanismo de compensação do Fundo de Resolução.