Macau ID

Paulo RegoPaulo Rego*
Paulo Rego

Ao apontar o rebranding de Macau – editorial – o Guilherme levanta a questão da própria identidade. No fundo, são ambas a mesma; no sentido em que Macau projetará outra imagem na medida em que alterar a sua própria essência. O packaging está feito, e a narrativa desenhada para a diversificação económica centra-se numa identidade de serviços trilingue, tecnologicamente avançada, capaz de criar valor cruzando redes da Grande Baía e mundo lusófono.

Em rigor, o rebranding não se engana se seguir estas linhas mestras. O exercício essencial para o futuro é colar a ação à narrativa. Ou seja, que Macau deve mesmo desenvolver uma sociedade de serviços multingue – e multimédia – agregando competências que lhe permitam enquadrar esta oportunidade. Nem sequer se anuncia uma reconversão. Está já tudo no ADN de Macau e sua prática histórica. É preciso foco, massa crítica, inovação e resultados…

É raro um plano ser tão claro e fazer sentido. Porque ele só funciona se for bem feita integração de Macau no Continente, mas também se for valorizada a mais valia de uma sociedade aberta, autónoma, que é uma plataforma para a língua portuguesa.

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Quanto mais se olha para os números, mais claro é o óbvio: a década dourada dos casinos jamais se repetirá. E também nenhuma outra atividade terá dimensão económica comparável. Logo, a performance no jogo que colocou Macau no topo mundial do PIB per capita não voltará.

Coisa diferente é projetar empregos – e bons salários – em alternativa aos casinos, à Administração Pública e comércio tradicional. Pensemos em 100 mil novos empregos, direta ou indiretamente ligados à produção de know-how, gestão, comunicação, tradução, produção, promoção, mediação, investimentos, negócios… nas línguas e geografias estratégicas. É possível.

O futuro próximo não repetirá as margens loucas do ciclo dourado da liberalização do jogo e especulação imobiliária… nem os salários da elite desses tempos. Mas há no horizonte valor estratégico que chegue para que muita gente, ganhe bem… tenha orgulho no que faz, valorize a Região… e acelere o seu rebrand.

*Diretor-Geral do PLATAFORMA

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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