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Macau e a língua portuguesa

Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego

Passando em revista o Dia da Língua Portuguesa, celebrado esta quinta-feira, nota-se que em Macau pouco mexe, exceto algumas instituições universitárias e privadas, que se esforçam para marcar a ocasião. Por parte das autoridades, pouco ou nada houve para celebrar esta data. A cidade, que é bilingue, acaba por deixar passar uma data de extrema importância para cultivar e desenvolver as relações sino-lusófonas. Ainda para mais, a pandemia continua a mudar o panorama desta comunidade.

As restrições fronteiriças e crise económica levaram à sua redução, e até colocaram em causa instituições, dada a escassez de talentos de língua portuguesa e inglesa. Apesar do relaxamento das fronteiras para estes profissionais, surge um sentimento comum na comunidade de que Macau já não é tão convidativa.

Isto porque o domínio da língua chinesa é uma valência cada vez mais importante para aqui singrar. Ainda com a responsabilidade de ser a ponte entre a Lusofonia e a China, parece que a prioridade é a integração na Grande Baía, convidando cidades mais perspicazes a desempenhar o papel que a Macau foi incumbido por Pequim.

Várias empresas portuguesas veem Guangzhou ou Xangai com maior potencial para desenvolver as suas atividades, visto que têm entrada direta no mercado interno da China. Apesar de muitas já terem falado ao PLATAFORMA sobre a importância de Macau, na sua lógica empresarial não encontram grandes motivos para começar a partir da RAEM.

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Mesmo assim, o trabalho a nível local continua, e a aposta nos talentos bilingues também. Esta força laboral, porém, queixa-se de falta de oportunidades, que em alguns casos dita a sua saída do Território.

Tal como qualquer outro projeto, reforçar o papel de Macau como ponte sino-lusófona requer planeamento rigoroso, e uma ideia clara sobre os seus objetivos a longo prazo.

E quando a comunidade começa a desvanecer, o plano também enfraquece. A China não quer perder a relação privilegiada que tem construído com a Lusofonia; Macau também não, já que esta face sino-lusófona distingue-a no universo chinês. E a queda do turismo pode ser colmatada em parte por esta marca. Mas questiono que políticas estão a ser implementadas não só para manter, mas também para reforçar esta relação.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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