Aproveitar o impulso do urbanismo para criar uma cidade amiga dos idosos

por Gonçalo Lopes
José Chui Sai PengJosé Chui Sai Peng*
urbanismo

A população de Macau com mais de 65 anos de idade ultrapassou os 83 mil no final do ano de 2021. Atualmente, representa cerca de 14,6 por cento da população local. Com isto em mente, a cidade deve direcionar o seu planeamento urbano para este público-alvo, que é cada vez mais importante.

Com a publicação oficial do Plano Director da Região Administrativa Especial de Macau no início de 2022, e depois de uma linha de desenvolvimento urbano claramente definida, o próximo passo será a criação de um guia detalhado de construção da cidade num contexto em que deve ser considerada a introdução de serviços que ajudem a melhorar a qualidade de vida dos idosos.

O Governo está ciente da importância desta parte da população. A nova inclusão de alojamento para idosos no plano de habitação, bem como a proposta da política de divisão da habitação em cinco classes, provam a responsabilidade social de Macau enquanto cidade acolhedora, pioneira e elogiada por todo o mundo.

Não há como negar que a RAEM já deu os primeiros passos para se tornar num lugar convidativo para esta população, tendo já começado a construção da tão antecipada primeira habitação para idosos, com a sua conclusão prevista para 2023. Porém, o futuro a longo prazo não deve ser ignorado.

Em termos de procura e oferta de habitação, analisando a estrutura demográfica de Macau, podemos prever o número futuro de idosos e as habitações necessárias para os mesmos, planeando a sua construção atempadamente.

Claro que muitos continuarão a ficar no seu local de residência. Contudo, é importante construir um ambiente favorável para este grupo, onde quer que estejam.

O estilo de vida e hábitos dos idosos têm características específicas, como tomar conta dos netos depois da reforma, andar a pé ou de transportes públicos. Este estilo de vida,
portanto, exige atividades de lazer, desporto, entretenimento, viagens e educação no seu local de residência. Através desta sinergia entre a comunidade, estas habitações poderão fazer toda a diferença e criar uma ligação entre os idosos.

O planeamento urbano foca-se no terreno e espaço de uma cidade, com foco na relação entre o espaço e os seus habitantes. Poderão ser construídas ruas amigas da população sénior. Com o Plano Director finalizado, de forma a coordenar mais efetivamente recursos por toda a cidade, poderá ser criado um modelo com base em cidades
no continente já desenvolvidas neste sentido, considerando as suas estruturas, planificações, oferta e procura, normas de construção, entre outros, de forma integral.

A partir deste planeamento detalhado, em vez de seguir as limitações de uma planificação “distrito a distrito”, a distância deve servir como principal critério de distribuição de serviços. Esta interação entre distritos, para além de um reflexo direto da cultura chinesa de “assistência a idosos”, contribuirá ainda para o objetivo de “uma única base”.

*Deputado da Assembleia Legislativa/Instituto de Planeamento Urbano de Macau

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