Caminho inteligente

por Gonçalo Lopes
Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego
Guilherme Rego

A par da diversificação económica, o desenvolvimento de Macau como cidade inteligente tem sido um dos grandes motes do Governo. Não obstante, o atraso em comparação às restantes cidades da Grande Baía é notável e deixa a desejar.

A tecnologia 5G, por exemplo, já está implementada na GBA. Macau, contudo, é um caso à parte, estando ainda a trabalhar na frente legal que permite a atribuição de licenças. Enquanto a CTM já prepara a cidade para esse momento, as restantes empresas de telecomunicações são incapazes de trabalhar nesse futuro sem mais informações – que não existem desde o ano passado.

Nas várias frentes que Macau combate para se tornar uma cidade de futuro, peca por ser reativa e não preventiva. O melhor exemplo disso é a nova lei do jogo e dos junkets. A cidade e os seus agentes tiveram mais do que tempo para diversificar a indústria turística e resolver
alguns dos modelos montados inicialmente.

No entanto, pouco se fez, tal a cegueira que a prosperidade económica trouxe. Os promotores de jogo já tinham sido sinalizados como uma área desta indústria que
teria de ser adaptada, mas não se preveniu o desfecho menos positivo.

Leia também: Lei dos junkets em Macau poderá afetar competitividade da indústria

Quanto aos casinos-satélite, a lei do jogo vigente já estabelecia que teriam de passar para as propriedades das concessionárias. Mais uma vez, falha na prevenção do pior cenário. Hoje, parece mais do que certo que as atividades de jogo deixarão de ser a imagem de Macau, deixando um vazio que
terá de ser ocupado o mais rápido possível.

O caminho parece estar delineado, e bem, pois pretende-se evitar cair nos erros do passado. Uma monoeconomia não serve Macau, e criam-se as infraestruturas para
que, a médio e longo prazo, haja fontes de receita variadas, bem como oportunidades de emprego.

A cidade terá de navegar outros mares, à procura da sua individualidade e do que a separa das restantes cidades da Grande Baía. A sua multiculturalidade e proximidade com o universo lusófono destaca-a, mas não pode ser a única solução. Até porque a relação com os Países de Língua Portuguesa tem de ser desenvolvida. Neste momento, empresários queixam-se da falta de apoio governamental e que a iniciativa tem estado somente do seu lado.

Passando para Hengqin, a aposta terá de ser bem pensada. Naturalmente, os setores de atividade que prometem a diversificação económica irão deslocar-se para a Ilha, onde terão mais oportunidades de crescimento e internacionalização. Contudo, é importante salvaguardar vantagens a nível local. O desenvolvimento da indústria turística na Ilha, por exemplo, pode trazer consequências nefastas; caso não se construam motivos para reencaminhar esse fluxo turístico. Os departamentos governamentais e empresas da indústria terão de explorar as suas opções, e construir uma mensagem comum. Hengqin não pode ser um “novo Macau”, tem de agir como complemento.

Resta saber o que irá complementar.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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