Crises atuais

por Gonçalo Lopes
Guilherme Rego
Guilherme Rego

O novo responsável pela área económica do FMI contradisse Putin, que afirmou durante a semana que as sanções impostas ao país estavam a prejudicar mais as economias ocidentais do que a russa.

O facto de as sanções poderem estar ativas durante muito tempo, leva Olivier-Pierre Gourinchas a acreditar que a trajetória russa será bastante diferente, mais ainda se houver um aperto na exportação de energia.

A Europa, ciente do poço, deixou-se levar. A NATO foi criada para combater a expansão do comunismo. Na altura, a União Soviética e aliados responderam com o Tratado de Varsóvia. Lembro-me em 2018 do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, numa troca de palavras com o secretário-geral da NATO, questionar o compromisso dos aliados, numa altura em que a União Europeia caminhava para aumentar a sua dependência do gás russo – números que foram aumentado até ao início do conflito.

Com o afastamento da Rússia do mercado energético europeu, as economias emergentes vêm aqui uma oportunidade para ocupar o seu espaço, mas nem tudo é um mar de rosas. Países menos desenvolvidos dependiam muito do apoio financeiro das potências ocidentais em questões humanitárias. Nas crises, o foco externo é desvalorizado, e o esforço financeiro para as colmatar é virado para dentro. Um fenómeno que ainda hoje se pode observar na obtenção de vacinas, por exemplo.

Confrontados com este problema temos países como Moçambique, com enorme potencial energético, mas com dificuldades na resolução de crises climáticas e humanitárias, nomeadamente aquela que vigora em Cabo Delgado desde 2017. O país precisa do apoio da União Europeia no combate aos insurgentes e no apoio aos deslocados. Com orçamentos mais apertados e urgência na substituição do gás russo, Moçambique será uma das vítimas do conflito mas, a longo prazo, pode surgir como um dos vencedores.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

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