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Fórum de Macau: “Uma nova página na História”

A Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa realizou-se na semana passada, sob o tema “Um mundo sem pandemia, um desenvolvimento comum”. No final, os representantes dos países no Fórum de Macau aprovaram duas resoluções conjuntas: uma em que se aponta para o reforço da cooperação e outra que aprova a entrada da Guiné Equatorial como membro, país que faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa desde 2014

Em representação da China, num discurso feito a partir de Pequim, por videochamada, o primeiro-ministro chinês fez três propostas para que seja reforçada a cooperação sino-lusófona face “à incerteza e instabilidade mundial”.

Por um lado, Li Keqiang disse que “defender a paz e a estabilidade” num momento de “conflitos e caos nas vidas dos povos” é uma das ‘receitas’ para o desenvolvimento, na cerimónia de abertura da reunião extraordinária ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau).

O governante propôs ainda a manutenção de esforços conjuntos para “vencer a pandemia” da Covid-19, que há mais de dois anos tem impactado as economias internacionais. Por fim, Li sustentou também que se deve “persistir na abertura e cooperação”, em especial no âmbito do Fórum de Macau, que inaugurou no mesmo dia da reunião o Centro de Intercâmbio da Prevenção Epidémica China – Países de Língua Portuguesa.

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O chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, da mesma forma, argumentou que, após a reunião ministerial, estão criadas as condições para se fortalecer “a promoção da cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa na área da saúde, para a promoção conjunta da recuperação económica e para a elevação da coesão e da influência do Fórum de Macau”.

Portugal como “porta de entrada”

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, pediu que o Fórum de Macau se assuma “definitivamente como uma verdadeira plataforma de cooperação ao serviço do desenvolvimento comum, com resultados tangíveis e percecionáveis por todos”.

O primeiro-ministro português, António Costa, também numa mensagem vídeo, mas divulgada na cerimónia de abertura, defendeu que a recuperação das economias
atingidas pelo impacto da pandemia da Covid-19 e pela invasão russa da Ucrânia exige agora outros estímulos e resultados.

António Costa sustentou que “a superação dos impactos socioeconómicos depende das medidas de estímulo” e da exploração de novas oportunidades, recordando que
Portugal é “uma porta de entrada para a União Europeia” e para outros mercados, como a América Latina e África, até pela “proximidade com os Países de Língua Portuguesa”.

Para isso pediu uma melhor gestão de um fundo milionário chinês destinado a financiar a cooperação sino-lusófona, “mais consequente”, nas regras e funcionamento. Em causa está um fundo de cooperação de quase mil milhões de euros criado pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau. Segundo o Fórum de Macau, o fundo, com quase dez anos de vida, alavancou um investimento total de mais de quatro mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) de empresas chinesas para Países de Língua Portuguesa.

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João Gomes Cravinho enfatizou, depois, a mensagem portuguesa, num vídeo disponibilizado à agência Lusa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros: “Todos sabemos que só com um fundo de cooperação eficaz e eficiente, com regras de gestão mais flexíveis, conseguiremos demonstrar a mais-valia e o papel único que o Fórum de Macau pode desempenhar, com resultados concretos para as populações de língua portuguesa e reforçando as relações com a China”.

O embaixador em Pequim solicitou igualmente alterações ao nível dos “requisitos de elegibilidade” e expressou o desejo de que o fundo seja marcado por um “maior dinamismo”, de forma a assegurar o financiamento de projetos produtivos das economias locais”. José Augusto Duarte frisou ainda que, apesar de Macau ser uma “porta de entrada para o mercado chinês”, no futuro “tem de se fazer mais” do que eventos de divulgação dos produtos.

E concluiu, para dar um sublinhado especial à palavra “ambição: que a próxima conferência [ministerial] não tenha de repetir os nossos apelos, mas constatar os nossos sucessos”.

Lusofonia apela ao investimento chinês

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia da Silva, sustentou que, “num momento de contração económica mundial”, o “maior desafio” passa “por vencer a pandemia” e que os esforços conjuntos, no âmbito do Fórum de Macau, podem ser “uma oportunidade para atrair investimento privado”, nomeadamente na construção civil, com expressão nos números do emprego.

Nuno Gomes Nabiam, chefe do Governo guineense, aproveitou para convidar os investidores a visitarem o país, agora que se “retoma agenda económica e diplomática, após anos de estagnação e letargia”. O mesmo responsável apelou ao apoio da China no “desenvolvimento de tecnologias produtivas”, palavras secundadas pelo primeiro-ministro
de Moçambique, Adriano Maleiane, que manifestou a vontade de reforço da união e dos mecanismos de cooperação dos países representados no Fórum Macau.

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Jorge Bom Jesus, sublinhou a importância do apoio, “desde logo de índole financeira”, na definição dos “eixos centrais” de atuação futura do Fórum de Macau”.

O líder do Governo timorense, Taur Matan Ruak, frisou os “efeitos devastadores da pandemia”, mas expressou a convicção de que a “ajuda chinesa” e o compromisso do país “em explorar oportunidades” no projeto de Pequim de criar a região da Grande Baía podem ser uma resposta ao contexto económico internacional.

A Grande Baía é um projeto de Pequim para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai) com cerca de 70 milhões de habitantes e um PIB de cerca de 1,2 biliões de euros, semelhante ao da Austrália, da Indonésia e do México, países que integram o G20.

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O Brasil, pela voz do vice-presidente, Hamilton Mourão, preferiu destacar “o potencial económico” dos Países de Língua Portuguesa, “inseridos em distintos blocos comerciais”, com milhões de consumidores, países costeiros, “de recursos marítimos e minerais”, sendo necessário continuar a impulsionar o intercâmbio comercial e o fluxo de investimentos.

Já o ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, lembrou a importância do investimento chinês num país que está “a realizar importantes reformas democráticas e do Estado de Direito” e a desenvolver medidas económicas que passam, por exemplo, “por diminuir a dependências do petróleo”.

No final dos discursos dos representantes dos países lusófonos, por mensagens de vídeo, o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, em videochamada, manifestou a
convicção de que os países que integram o Fórum de Macau “vão escrever uma nova página na História”.

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