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Mariupol: um novo campo de concentração?

Quem chega de Mariupol respira de alívio, alguns sorriem, como é caso da família de Alexander e Victoria, com os quatro filhos. Outros estão demasiado cansados para qualquer expressão, mas só um lugar de paz nos permite estarmos cansados. Em guerra, o stress não o permite, pois o que interessa é sobreviver. Ninguém se quer lembrar do inferno que viveu até conseguir escapar.

Os depoimentos parecem descrever um campo de concentração, onde não há comida, nem eletricidade, nem Internet, nem gás, desde de 6 de março, e onde a morte respeita a indizível regra da aleatoriedade.

Os que vêm de Mariupol falam que há deportações de homens para Donetsk, para trabalhos forçados, e outros, primeiro para Taganrog e Rostov-on-Don, e depois para territórios da Sibéria na Rússia. Há violações. Quem está a tomar conta dos checkpoints russos são os separatistas russos de Donetsk e Lugansk. Quem ali vive tenta sobreviver, sobretudo em caves, e só vem ao exterior para cozinhar com lenha na rua, mas de repente cozinhar é algo arriscado.

Mariupol está cercada pelo exército russo há semanas e a única resistência ucraniana a manter a defesa e a evitar a total ocupação russa é o batalhão de Azov. Um grupo controverso que muitos denominam de nazi, mas, do que percebi com quem falei, preferem dizer que são como os templários, cavaleiros que fizeram escola em Portugal e que se destacaram nas cruzadas. Dizem que não são nazis, mas sim de extrema-direita, e têm judeus também a combater e a ajudar na retaguarda como voluntários.

O referido batalhão foi fundado em 2014, após a invasão da Ucrânia oriental pela federação russa, o que com o tempo deu origem às repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, e uma guerra adormecida pelos acordos de Minsk. Rótulos à parte, ninguém questiona a bravura do batalhão de Azov. “Se deixarmos cair Mariupol, Zaporíjia vem a seguir”, quem o afirma é o comando do grupo Azov nesta cidade, Mykhailo Pirog de 55 anos.

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