Em conversa com Biden, Xi pede que trabalhem juntos pela paz mundial -

Em conversa com Biden, Xi pede que trabalhem juntos pela paz mundial

O presidente da China, Xi Jinping, disse nesta sexta-feira (18) que as guerras “não beneficiam ninguém”, durante uma conversa com o chefe de Estado americano, Joe Biden, que pressiona Pequim a se distanciar de Moscou desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.

“A crise ucraniana não é algo que gostaríamos” que ocorresse, afirmou Xi, citado pela televisão chinesa.

“Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e como as duas principais economias mundiais, somos incumbidos de não apenas levar as relações sino-americanas por um bom caminho, mas também assumir nossas responsabilidades internacionais e trabalhar para a paz e a tranquilidade no mundo”, disse o líder chinês.

Segundo um breve resumo difundido pela emissora pública CCTV, Xi alertou que “as relações entre os Estados não podem chegar ao enfrentamento armado”. “Os conflitos e os antagonismos não beneficiam ninguém. A paz e a segurança são os bens pelos quais a comunidade internacional deveria se interessar mais”.

Esta conversa, a quarta desde que o democrata de 79 anos assumiu a presidência dos Estados Unidos, durou quase duas horas, segundo a Casa Branca, que não divulgou detalhes. 

Biden falou com Xi da “Situation Room”, uma sala ultrassegura da Casa Branca de onde os Estados Unidos realizam as operações mais arriscadas e as negociações mais difíceis. 

Wendy Sherman, número dois da diplomacia americana, havia explicado anteriormente nesta sexta à emissora CNN o objetivo de Washington na conversa: “Queremos que o Partido Comunista Chinês, que é uma potência muito importante no cenário internacional […] entenda que seu futuro está com os Estados Unidos, com a Europa, com outros países desenvolvidos e em desenvolvimento. Seu futuro não é apoiar Vladimir Putin.” 

Essas declarações têm um tom mais conciliador, depois que outras, mais ameaçadoras, foram feitas ontem pelo secretário de Estado, Antony Blinken.

“Nos preocupa que eles cogitem ajudar diretamente a Rússia com equipamentos militares que seriam utilizados na Ucrânia”, declarou Blinken à imprensa, assinalando que Biden deixaria claro em sua conversa com Xi “que a China será responsabilizada por qualquer ação destinada a apoiar a agressão russa” e que os EUA não hesitarão em impor custos a Pequim. 

Esta foi a advertência mais clara já feita pelos Estados Unidos desde o começo da invasão da Ucrânia, mas Washington já havia criticado a China antes por seu “alinhamento” com a Rússia. 

Para Joe Biden, as duas superpotências competem a nível econômico e estratégico, mas devem dialogar para que isso não seja um fator de caos a nível internacional. Contudo, se a China apoiar abertamente a Rússia, com entrega de armas ou acordos econômicos e financeiros que permitam a Moscou evitar parcialmente as duras sanções ocidentais, sua posição mudará.

– ‘Amizade sem limites’ –

Desde o começo da invasão russa em 24 de fevereiro, o regime comunista chinês, que mantém uma relação próxima com a Rússia, – com a qual compartilha uma profunda hostilidade em relação aos Estados Unidos -, se absteve de pedir ao presidente russo, Vladimir Putin, que retire suas tropas da Ucrânia.  

Porém, a “amizade sem limites” demonstrada por Pequim e Moscou está em questão por causa da guerra, e o governo do presidente Xi Jinping parece surpreso com a resistência ucraniana e a rigidez das sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados para isolar a Rússia dos intercâmbios econômicos e financeiros mundiais.  

Xi Jinping “deve arbitrar entre várias prioridades. Ele dá grande importância à associação com a Rússia, mas não quer solapar as relações com o Ocidente”, pois a China depende dela “para ter acesso a certas tecnologias avançadas”, opinou à AFP Ryan Hass, especialista do Brookings Research Institute e ex-assessor do presidente americano Barack Obama sobre a China. 

“Os interesses de China e Rússia não estão alinhados. Putin quer dinamitar o sistema internacional, enquanto o presidente Xi vê a si mesmo como o artífice de uma nova ordem internacional”, acrescentou. 

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