O comando português que se apaixonou na Guiné e não voltou

por Gonçalo Lopes

A guerra é a guerra, canta Fausto Bordalo Dias, e foi a guerra que empurrou José Pica Rocha, alentejano de Santo Amador, Moura, para a Guiné-Bissau em 1970. Combatente pela 15.ª companhia dos Comandos, caiu na armadilha do amor – e engravidou uma mulher. Foi o passaporte para sair do conflito e, ao mesmo tempo, um bilhete sem regresso a Portugal.

Aos 74 anos, José Rocha tem mais histórias do que a reportagem do DN tempo para as ouvir. Até a Guiné se tornar independente trabalhou como motorista de um camião a transportar inertes para a engenharia militar. Em 1972, enquanto carregava cascalho, foi alvo de uma cilada. “Fui apanhado na rede pelos balantas quando estavam a botar o fanado [ritual de passagem que inclui a circuncisão].” Esteve duas semanas no mato e hoje diz: “O balanta me respeita muito e estou muito agradecido.” Hoje, por acaso, vive rodeado de balantas, uma das três dezenas de etnias da Guiné-Bissau, numa casa não longe do terreno que cuida a caminho de Cumura, às portas da capital, onde também tem um bar onde vende cana-bordão (aguardente de cana-de-açúcar e uma outra, preparada por si, com a aguardente e cravinho). Além de falar “um bocado” balanta, também arranha mancanha, papel e fula. “Um bocadinho, né, principalmente nos cumprimentos, é muito bom, as pessoas ficam mais próximas.”

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