Bolsas recuperam terreno e petróleo desaba após vários dias de alta

por Filipa Rodrigues
AFP

Wall Street e as bolsas europeias registraram uma forte recuperação esta quarta-feira, enquanto o petróleo teve intensa queda, após um gesto de abertura diplomática do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, no meio da guerra no seu país

A bolsa de Nova York encerrou em forte alta sua melhor sessão do ano, impulsionada por uma abrupta queda nos preços do petróleo, provocada pelas declarações de Zelensky.

Ao soar do sino de fechamento, o Dow Jones registrou alta de 2,00% a 33.285,09 pontos; o Nasdaq, 3,59% a 13.255,55 unidades; e o S&P 500, 2,57% a 4.277,86.

Enquanto isso, na Europa, as bolsas de Frankfurt e Paris registraram altas de 7,9% e 7,1%, respectivamente, em um movimento de busca de oportunidades após várias sessões em queda.

O índice FTSE de Milão teve alta de 6,9%, o Ibex 35 de Madri subiu 4,8% e o FTSE 100 de Londres, 3,3%.

O chefe de Estado ucraniano disse ao site do jornal alemão Bild, que poderiam “alcançar compromissos” para uma solução diplomática ao conflito em seu país.

Estes compromissos são “a única forma de sair desta situação”, acrescentou Zelensky, que informou que não houve contatos ainda com o presidente russo, Vladimir Putin, para abordar uma saída diplomática para a guerra declarada pela Rússia à Ucrânia.

Zelensky tinha dito na segunda-feira que não insiste mais no ingresso da Ucrânia na Otan, um dos argumentos usados pela Rússia para invadir seu país, em entrevista divulgada pelo canal americano ABC.

E, em outro aparente gesto de abertura às exigências de Moscou, Zelensky afirmou estar disposto a alcançar um “compromisso” sobre o status dos territórios separatistas no leste da Ucrânia, cuja independência foi reconhecida unilateralmente pelo presidente russo antes de iniciar a guerra, em fevereiro.

Mais sinais

“Os mercados registraram uma recuperação considerável hoje na Europa, liderados pelo DAX, com ganhos setoriais decentes em todo o tabuleiro, ajudados pelos comentários do Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, que declarou que seria melhor que seus objetivos na Ucrânia fossem alcançados através do diálogo”, disse o analista da CMC Markets, Michael Hewson.

Segundo Patrick O’Hare, analista da Briefing.com, com esta recuperação, pode-se interpretar que os investidores sentem-se mais seguros sobre a situação entre Rússia e Ucrânia.

Para o analistas da OANDA, Craig Erlam, trata-se de “um movimento corretivo temporário”, e acredita que a recuperação não durará enquanto a Rússia mantiver sua ofensiva contra a Ucrânia.

“A invasão ainda continua, ainda são impostas sanções e os preços do petróleo ainda são altos”, destaca. “Nada disso leva a uma recuperação sustentada do mercado de valores”, analisa.

Petróleo em queda

Os preços do petróleo e do gás caíram com força nesta quarta, devido em parte a que os investidores consideram que a ameaça de um embargo europeu aos hidrocarbonetos russos está diminuindo.  

Tanto os Estados Unidos quanto o Reino Unido anunciaram na terça um embargo à importação de petróleo e gás russos.

Ao contrário, os países da União Europeia, que recebem da Rússia aproximadamente 40% de suas importações de gás e um quarto das de petróleo, optaram por fixar a meta de reduzir em dois terços as importações do gás russo.

O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em maio sofreu forte queda, de 13,15% a 111,14 dólares em Londres, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), cotado em Nova York, caiu 12,12% a 108,70 dólares, após os comentários de Zelensky ao Bild.

Também contribuíram com estes valores de fechamento os comentários do embaixador dos Emirados Árabes Unidos, Yussef Al Otaiba, que disse que os Emirados são “favoráveis a um aumento da produção” de petróleo e “incentivarão” a Opep neste sentido.

Robert Yawger, encarregado de contratos a futuro da Mizuho Securities, considera que a decisão dos Emirados porá “pressão sobre os sauditas para fazer o mesmo”.

Emirados e Arábia Saudita estão entre os poucos membros da Opep e seus aliados reunidos na Opep+ a ter capacidade ociosa de produção e enquanto os emiradenses poderiam aportar 800.000 barris diários adicionais, os sauditas poderiam fornecer dois milhões de barris diários ao mercado, segundo o analista.

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