Ucrânia pede adesão à UE e senta-se a negociar com a Rússia

por Filipa Rodrigues
Susana Salvador

Bruxelas avisa que o processo de adesão é longo e não parece haver consenso sobre o tema. Diálogo com Moscovo continua “em breve”, mas sem cessar-fogo à vista

Opresidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou esta segunda-feira um pedido de adesão imediata da Ucrânia à União Europeia (UE), numa altura em que os ataques russos não parecem ter fim apesar de uma primeira ronda de negociações entre Kiev e Moscovo na Bielorrússia. Não houve acordo, mas um compromisso de continuar “em breve” a negociar tendo em vista um eventual cessar-fogo.

“Fazemos um apelo à UE para a adesão imediata da Ucrânia ao abrigo de um novo procedimento especial”, disse Zelensky, um dia depois da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter dito que a Ucrânia “é uma de nós e queremos tê-la na UE” numa entrevista à Euronews. “Agradecemos aos nossos parceiros que estejam connosco, mas o nosso objetivo é estar com todos os europeus e, mais importante, ser iguais”, acrescentou Zelensky , mostrando-se convencido que esta seria a decisão “justa” e que é “possível”.

Contudo, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu que este é um processo que demoraria tempo e é preciso primeiro tratar das coisas práticas. Borrell considerou que a adesão da Ucrânia “não é um assunto na agenda” da UE. “A adesão é uma coisa que demoraria cerca de dois anos. E, nós temos de dar uma resposta em relação às próximas horas. Não para os próximos anos, mas para as próximas horas”, afirmou, referindo-se à coordenação da estratégia para a entrega de armamento a Kiev.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu que há “opiniões e sensibilidades diferentes” sobre o tema. O último alargamento foi em 2013, com a entrada da Croácia, seguindo-se o choque do Brexit, com a saída do Reino Unido. Há cinco países há anos na lista de espera para poder entrar – a Macedónia do Norte, por exemplo, aguarda desde 2005.

A embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, pediu que Lisboa apoie a adesão do seu país à UE, mas também que considere a rotura de relações com Moscovo. “Esta medida é muito dura, mas é justa (…) Estão a matar os ucranianos no nosso país, nomeadamente as crianças. Já morreram 16 crianças”, declarou num encontro com o autarca da capital, Carlos Moedas.

A Ucrânia denunciou esta segunda-feira o uso de bombas de fragmentação nos ataques contra áreas residenciais em Kharkiv (Carcóvia), com a morte de pelo menos 11 pessoas naquela que é a segunda maior cidade do país. O balanço do número de mortos no conflito continua incerto, com Kiev a falar em cerca de 200 civis e dezenas de militares mortos. A Rússia admitiu no domingo as primeiras baixas, sem dar dados.

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