As alterações ao sistema de vistos ‘gold’ de Portugal, que atraiu na sua maioria cidadãos chineses, deveriam afastar o investimento em Lisboa, e zonas costeiras, para o interior, mas há exceções. A consultora imobiliária Athena Advisers disse à revista Visão que estão a surgir projetos no centro de Lisboa, nomeadamente em Alcântara e na Avenida da Liberdade.
Apesar das restrições, o mercado está a ajustar-se e a procura está a crescer nas zonas costeiras, mas com baixa densidade de construção (como a Comporta ou Costa Vicentina), disse David Moura-George, diretor-geral da consultora. No segundo semestre deste ano, os projetos começarão a ser anunciados no centro de Lisboa para os vistos ‘gold’, mas estruturados em apartamentos turísticos, uma das formas permitidas pela lei.
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“As pessoas pensavam que o programa iria terminar, mas já começaram a perceber que não é bem assim”, disse. A aquisição de bens comerciais, “seja uma loja, um escritório ou um apartamento turístico” por um valor superior a 500 mil euros, permite a obtenção de visto. Outra opção é a compra de uma casa numa zona de baixa densidade, não necessariamente no campo.
Segundo a Visão, a consultora internacional Athena Advisers registou um aumento de cerca de 20 por cento na procura de produtos comerciais em Lisboa e Porto e de cerca de 25 por cento para produtos em regiões de baixa densidade ainda elegíveis para o programa, entre os quais, Costa Vicentina, Melides, Comporta e as ilhas da Madeira e Açores.
No setor comercial e de acordo com a Athena Advisers, os produtos mais procurados são lojas e escritórios com bilhetes de investimento entre 500 mil e 750 mil euros, “de preferência com inquilinos que ofereçam confiança e estabilidade, que proporcionem um bom retorno financeiro e que tenham contratos de arrendamento a longo prazo”, destacou. Esta dinâmica está também a ter impacto na oferta de um produto imobiliário especificamente estruturado para apartamentos turísticos, onde o investidor compra uma casa (ou mais) com um valor global superior a 500 mil euros, entrega-a à gestão turística, pode usufruir do seu espaço por algumas semanas durante o ano e ainda consegue obter o visto. Esta forma de atrair investimento está a estimular iniciativas no centro de Lisboa.
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“No segundo semestre deste ano, cada vez mais projetos de promoção imobiliária começarão a surgir para apartamentos turísticos em Lisboa”, disse o funcionário. A criação de fundos de investimento em participações privadas está também a ganhar força na concessão dos vistos ‘gold’, permitindo a continuação do pedido de visto através da aquisição de propriedades residenciais em zonas com restrições, como Lisboa e Porto, embora o montante mínimo de investimento tenha subido de 350 mil para 500 mil euros no início de 2022. “Portugal continuará a atrair investimento estrangeiro e continuará a ter boas oportunidades para oferecer em áreas cada vez mais diversificadas”, acrescentou o diretor-geral da Athena Advisers.