A febre das vacinas

por Mei Mei Wong
Guilherme RegoGuilherme Rego*
Guilherme Rego
Guilherme Rego

Mais uma vaga de promoção à vacina contra a Covid-19 atinge Macau, muito por culpa do enredo em Hong Kong, que registou uma média diária de mais de 7000 casos até quinta-feira. A região administrativa especial vizinha, em consonância com Macau, tem falhado em motivar a sua população a vacinar-se contra o novo coronavírus de forma célere.

Apesar dos múltiplos esquemas de incentivo e de promoção, 76 por cento com vacinação completa não servem para as pretensões de Hong Kong e do Governo Central, nem de Macau, que ambiciona a reabertura com a região. Em território local, a febre das vacinas começou há dois anos, e enquanto várias zonas do mundo tiveram um arranque tardio, na maratona foram mais perspicazes e rapidamente ultrapassaram a RAEM.

Qual será a razão? Será a segurança conferida pelas fortes medidas de prevenção e controlo fronteiriço? O sucesso no combate à pandemia justifica a baixa taxa de vacinação?

Provavelmente não ajuda, e ingloriamente acaba por ser um tiro no pé, mas certamente é mais complexo. Não obstante, as campanhas de promoção à vacina adensam, sem questionar se a estratégia é dotada de êxitos. Se calhar no início, hoje nem tanto. Neste momento, dois grupos etários específicos alicerçam os problemas da vacinação local – crianças e idosos. Pólos completamente opostos na pirâmide etária e, por razões óbvias, os motivos para não aderirem são diferentes. Nas crianças, escusado de dizer que campanhas de sensibilização no seio escolar não se traduzem necessariamente num aumento da taxa de vacinação.

Leia também: Macau exige vacinação a pessoas vindas de Hong Kong e Taiwan

A decisão não está nas suas mãos. A necessidade da vacina é real, e quem passados dois anos não adere ou faz aderir, por alguma razão será. Mais campanhas de vacinação generalizadas podem não produzir os frutos do seu intento. É importante analisar os grupos, compreender as suas preocupações e receios, para efetivamente avançar com uma estratégia que concretize o objetivo promulgado ao que já parece uma eternidade: 80 por cento da população com a vacinação completa.

*Diretor-Executivo do PLATAFORMA

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!