Portugal é bicampeão europeu de futsal, tendo pelo meio conquistado, “apenas”, o campeonato do mundo. A surpresa apanhou todos desprevenidos, menos o seu treinador.
Nas palavras de Jorge Braz, sempre soube que era possível, porque tinha a chave do segredo: “cultura de exigência, ambição e espírito de grupo”. Mas também a “alma portuguesa”, que explica como uma força invisível que alavanca resultados coletivos muito superiores aos da soma do valor de cada um dos conquistadores. Estas palavras ajudam-nos a perceber como é que a China, ou a Europa de Leste, sempre tiveram resultados desportivos muito superiores aos da sua condição económica e dinâmica política.
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A organização, disciplina e capacidade de sacrifício dos atletas, que carregavam o peso de provarem ao mundo que o seu país era maior do que a evidência dos seus limites. A lição que daqui se tira é a do poder do orgulho nacional, harmonia do grupo, ego nacional de estandarte ao peito… e a convicção de que à chegada se prova o que o mundo nos nega à partida; por mais evidentes que sejam os erros históricos e atrasos estruturais.
A superação, traduzindo Jorge Braz, não é uma questão técnica e tática, mas sim uma injeção de alma. Portugal bebe hoje estas palavras, com a mesma convicção com que tantas vezes as desdenha na boca dos outros. Os portugueses olham hoje para os seus jogadores como heróis, mas não se ensaiam nada em olhar para uma ginasta chinesa como pobre vítima de um regime autoritário.
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É verdade que nem sempre a mesma coisa tem o mesmo valor. Ou seja, a alma nacionalista é muitas vezes arma de arremesso ilegítima usurpada por interesses de regime. Mas é no mínimo curioso que os mesmos valores, afinal, sejam caricatamente diferentes, conforme a cultura de aplicação e a perspectiva nacionalista que adotamos sobre nós e os outros.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA
