Explorar o potencial do consumo nas férias

por Mei Mei Wong
Zhou XuezhiZhou Xuezhi*
consumo China

A população chinesa está pronta para receber o terceiro Ano Novo Lunar desde que começou a pandemia. Este ano será novamente “anormal”, em mais do que um sentido. É verdade que os dados económicos globais da China em 2021 ficaram acima das expetativas, atingindo-se 44.1 biliões de yuan em vendas de bens de consumo (7,04 biiliões de dólares americanos), mais 12,5 por cento do que 2020 e significativamente mais elevado do que em 2019. Porém, as vagas esporádicas de infeção deram origem a um consumo mais cauteloso. A economia destacou-se no ano passado porque a China conseguiu controlar a pandemia em grande parte.

Mas apesar de todos os aspetos positivos, a Covid-19 afetou as atividades económicas e o comportamento dos consumidores. O consumo é inevitável para se atingir um desenvolvimento sustentável e saudável de qualquer economia, especialmente na chinesa. A despesa de consumo final contribuiu para um crescimento de 85,3 por cento do PIB no quarto trimestre, sendo que o valor acumulado para todo o ano alcançou 65,4 por cento. Isto significa que o aumento do consumo é a principal força motriz do crescimento económico da China, sendo que as práticas consumistas durante o período de férias são consideradas “prioridade máxima” em certos casos.

Poucos dias antes do Festival da Primavera, as autoridades chinesas alertaram para a necessidade de aumentar o consumo em 10 áreas, incluindo a restauração, compras online e em desportos de gelo e neve. As empresas devem assim procurar alcançar metas de crescimento no futuro, utilizando as oportunidades disponíveis e tendo em mente o plano do Governo para impulsionar o consumo durante as férias.

Em primeiro lugar, os governos devem adotar medidas eficazes para prevenir infeções por Covid-19, ao mesmo tempo que aumentam a despesa para impulsionar a vitalidade económica. Para que isso aconteça, as autoridades locais têm de elaborar medidas anti-pandémicas concretas e bem-direcionadas. As empresas terão dificuldade em recuperar das consequências do novo coronavírus se adotarem uma abordagem “catch-all”. Devem seguir estritamente os protocolos de combate à Covid-19, obrigando que cada cliente faça o scan do código de saúde. Isto irá ajudar a verificar o estado de saúde das pessoas em causa e se estes estiveram em contacto com uma pessoa que testou positivo. Em caso afirmativo, devem informar imediatamente as autoridades sanitárias a fim de reduzir os riscos de transmissão. Além disto, os departamentos governamentais devem fornecer às empresas orientações específicas sobre as novas características de consumo, incluindo a criação ou adesão a uma plataforma online, de maneira a aumentar o número de vendas.

O total de vendas de bens de consumo aumentou 7,09 por cento em 2021, comparativamente com 2019, enquanto o consumo online de bens físicos cresceu 26,8 por cento, mostrando a resiliência e as vantagens comerciais deste tipo de prática. Por essa razâo, é importante que os governos locais orientem as empresas para o online, sugerindo-lhes modelos operacionais e auxiliando as mesmas a familiarizarem-se com o ambiente empresarial local.

No entanto, as empresas precisam de envidar esforços para se tornarem parte da economia online e alargarem o seu foco operacional, podendo, por exemplo, aumentar os stocks de bens imunes a choques pandémicos. As agências de viagens e outras empresas relacionadas com o turismo devem considerar a possibilidade de se aventurarem em diversas áreas, tais como a organização de visitas guiadas a cidades, agora que foram impostas restrições às viagens interurbanas e interprovinciais.

As autoridades da China e as empresas deveriam também esforçar-se para aperfeiçoar a oferta, de modo a criar uma condição mais propícia ao consumo. Para tal oferta, os governos deveriam reduzir as intervenções na produção normal e nas atividades comerciais. Poderiam considerar ainda a emissão de cupões de consumo para que os residentes locais comprem produtos durante o Festival da Primavera e outros feriados.

As empresas, por seu lado, deveriam perceber que as infeções podem surgir em qualquer lugar e a qualquer altura, pelo que deveriam estar preparadas para lidar com emergências repentinas e aproveitar as oportunidades criadas através da publicidade para aumentar as suas receitas e lucros. Governos, empresas e consumidores acumularam toneladas de experiência em termos de gestão da sociedade, produção e funcionamento durante os dois anos da pandemia, incluindo os feriados e festivais da Semana Dourada que podem analisar para descobrir formas de aumentar o consumo.

A economia chinesa permaneceu estável e manteve a sua dinâmica de crescimento sustentável. O consumo de serviços, que se manteve estagnado durante a pandemia, irá aumentar também durante a Primavera. Esperemos, porém, que a pandemia acabe por desaparecer com o Inverno. Tanto por parte dos governos e das empresas, esforços concretos e sustentados ajudarão a fazer do consumo o novo motor do crescimento.

*Investigador assistente no Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais 

OS PONTOS DE VISTA DO AUTOR NÃO REPRESENTAM NECESSARIAMENTE  OS DO PLATAFORMA

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