Nasce a “maior zona de comércio livre do mundo”

por Guilherme Rego
RCEP comércio

Na madrugada do primeiro dia do ano, os Serviços Alfandegários de Pequim emitiram certificados de origem para várias empresas, marcando assim o dia em que a Parceria Económica Regional Alargada (RCEP) entrou em vigor. O acordo é visto como um dos maiores, representado quase um terço do volume de comercial global. 

 Os estados-membros da RCEP incluem a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia. A população, volume económico e comercial destes países representam 30 por cento do total global, constituindo assim a “maior zona de comércio livre do mundo”. A RCEP terá efeito nos 10 países onde foi firmado o acordo, incluindo seis nações da ASEAN (entre estas Singapura, Tailândia e Vietname), bem como China, Japão, Nova Zelândia e Austrália.  

Com a implementação da RCEP, mais de 90 por cento dos bens comerciais dos estados-membros não serão taxados. Os países vão beneficiar de uma maior abertura de mercado entre si, com políticas preferenciais alargadas à indústria de serviços, investimentos e proteção de propriedade intelectual. Estes benefícios são vistos como fundamentais para uma parceria entre a China e a ASEAN, assim como para os restantes membros da RCEP. Desta forma a cooperação regional será aprofundada, sendo ampliado o efeito benéfico desta colaboração económica e de mercado.  

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As autoridades aduaneiras chinesas revelaram que nos primeiros 11 meses de 2021, o valor total de importações e exportações chinesas com os 14 membros da RCEP atingiu cerca de 11 mil milhões de yuan. Com a implementação das regulamentações que constituem a RCEP, o acordo conseguirá reduzir significativamente os custos comerciais da região. Além disto, haverá mais competitividade e oportunidades para as indústrias e produtos, aumentando assim o leque de escolha dos consumidores.  

“Em 2021, a empresa LiuGong assistiu a um crescimento enorme do volume de negócios com o exterior, cerca de 70 por cento apenas nos primeiros 11 meses do ano e com um volume de exportação total a rondar as 15 mil unidades. Destas, cerca de três mil foram vendidas a membros da ASEAN”, salienta Li Dongchun, diretor-geral do centro de comércio internacional da Guangxi LiuGong Machinery, referindo também que o aumento do fluxo comercial é uma das vantagens da RCEP. Já em 2020, o volume de vendas da empresa no mercado indonésio deu origem a um crescimento anual de 300 por cento.  

Em 2020, a ASEAN tornou-se numa peça fundamental para o comércio chinês, atingindo um volume bilateral a exceder os 680 mil milhões de dólares americanos.  

“A ASEAN tornou-se no maior parceiro comercial da China ao longo da recessão económica causada pela Covid-19”, explica Ong Tee Keat, presidente do Center for New Inclusive Asia da Malásia, afirmando ainda que esta cooperação tem vindo a desenvolver-se ao longo dos anos e a tornar-se num modelo de excelência. O mesmo responsável admite que a cooperação comprova a imensidade de possibilidades a atingir entre nações com diferentes ideologias e em diferentes fases de desenvolvimento.  

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Dang Xuan Thanh, vice-diretor da Academia de Ciências Sociais do Vietnam, constata que o tratado de comércio livre entre a China e a ASEAN deu origem “à terceira maior zona de mercado livre do mundo”. Ao mesmo tempo, as relações comerciais entre as duas regiões estão “em fase de desenvolvimento e os laços comerciais entre o Vietname e a China continuam a crescer”. O mesmo afirma que com o comércio entre a China e o Vietnam em 2020 a ultrapassar os 130 mil milhões de dólares americanos, o volume em 2021 continuará a crescer.  

Xu Ningning, diretor executivo do Conselho Empresarial China-ASEAN e diretor do Comité de Cooperação Industrial da RCEP, afirma que a ASEAN foi a “primeira região do Leste Asiático a criar uma zona de comércio livre”. “A implementação das suas políticas relacionadas tem assim contribuído para a estabilidade e crescimento económico da região”, enfatiza.  

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No dia em que o acordo entra em vigor, o volume de bens de tarifa zero entre a China, ASEAN, Austrália e Nova Zelândia irá ultrapassar os 65 por cento. Na ligação recentemente estabelecida de comércio livre entre a China e o Japão, o volume será de 25 por cento e 57 por cento, respetivamente.  

A RCEP irá ainda criar normas uniformizadas para as regras de origem, procedimentos alfandegários, inspeção e quarentena, facilitando as trocas comerciais dentro da região.  

O Ministério do Comércio chinês salienta que a RCEP irá promover o crescimento do comércio e investimento intrarregional. Terá também regulamentações de comércio online e proteção de propriedade intelectual, de acordo com os vários fatores económicos de cada país, procurando consolidar e desenvolver as cadeias industrial, de fornecimento e valor da região.  

*Editado 

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