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China opõe-se aos EUA nas isenções humanitárias a sanções ao Afeganistão

AFP

A China, com o apoio da Rússia, bloqueou esta segunda-feira o projeto de resolução dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU que previa um mecanismo de isenções humanitárias às sanções económicas impostas ao Afeganistão, segundo fontes diplomáticas

“Eles querem suprimir” um parágrafo que permite ao comitê de sanções prever “isenções ao embargo de bens” se for julgado que “a mesma é necessária para facilitar uma ajuda maior” àquele país, indicou à AFP um diplomata, que não quis ser identificado. A China, que “se opõe por princípio às sanções, é contra um mecanismo de isenções caso a caso”, confirmou outro diplomata.

Os Estados Unidos esperavam nesta segunda-feira a aprovação do projeto pelos outros 14 membros do Conselho de Segurança, para levá-lo a votação amanhã, segundo fontes diplomáticas. “Atualmente, não há nenhuma isenção humanitária ao regime de sanções” imposto em 2015 aos talibãs, e quando os colaboradores têm que “realizar transações financeiras com ministérios administrados por pessoas sancionadas, violariam essas sanções”, disse outro diplomata.

Após o retorno dos talibãs ao poder, em meados de agosto, os Estados Unidos congelaram cerca de 9,5 bilhões de dólares do banco central afegão.

O Banco Mundial, que havia suspendido até o fim de agosto sua ajuda a Cabul, anunciou no último dia 10 uma ajuda humanitária de 280 milhões de dólares direcionada ao Unicef e ao Programa Mundial de Alimentos, para que essas duas agências possam distribuir a ajuda no Afeganistão. O montante, no entanto, é insuficiente, visto que o país está à beira de um colapso financeiro e econômico.

“A necessidade de liquidez e estabilização do sistema bancário é urgente, não apenas para salvar o povo afegão, mas também para permitir que as organizações humanitárias façam o seu trabalho”, assinalou ontem o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, durante uma reunião ministerial no Paquistão.

Além da China e da Rússia, a Índia e outros aliados tradicionais dos EUA no Conselho de Segurança, incluindo a França e o Reino Unido, opuseram-se ao projeto de resolução dos EUA, segundo as fontes diplomáticas. Esses países têm “preocupações relacionadas a um possível uso abusivo das isenções sem um mecanismo de controle sólido e sem prazos”, explicou um diplomata à AFP. 

As missões diplomáticas da China e dos Estados Unidos não responderam ao pedido da AFP para comentar o caso.

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