Os dirigentes da União Europeia (UE) adotaram ontem uma posição firme em relação à Rússia, durante uma cimeira com países do Leste, para tentar renovar uma aliança com alguns dos vizinhos de Moscovo
A UE tenta salvar a sua influência a Leste numa cimeira realizada esta semana. O encontro da UE com países da associação oriental – Geórgia, Moldávia, Armênia, Azerbaijão e Ucrânia – acontece no momento em que a Rússia apresenta aos Estados Unidos uma série de demandas de segurança.
“Não somos apenas vizinhos, mas verdadeiros aliados”, declarou o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, durante a abertura da cúpula, dominada pela ameaça de uma nova intervenção militar russa na Ucrânia.
Michel admitiu que o encontro acontece em “tempos de tensão”.
A UE deve encarar a frustração de não poder responder aos pedidos de adesão de seus parceiros do Leste, nem de entregar armas aos mesmos, para evitar dar um pretexto a Moscou para intervir militarmente na Ucrânia.
Por sua vez, o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou, antes da reunião, que vê com “preocupação” a situação na fronteira entre Rússia e Ucrânia. “Qualquer violação territorial terá um preço, um preço alto”, advertiu.
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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não esconde sua frustração, em um momento no qual a eventual entrada de seu país na Otan está bloqueada. Além disso, acusa a Alemanha de impor obstáculos às entregas de sistemas de armamento a seu país.
“Em algumas capitais, o medo continua sendo o sentimento que predomina”, afirmou Zelensky em entrevista ao jornal italiano La Reppublica.
O presidente ucraniano se encontrou com o chanceler alemão e com o presidente da França, Emmanuel Macron, e garantiu que a “Ucrânia não cederá a nenhuma provocação”.
O líder ucraniano também se mostrou favorável a sanções europeias preventivas contra a Rússia.
A adoção de sanções requer unaminidade no âmbito da UE e até agora nenhum dirigente se manifestou favorável a elas.
“Já existem sanções e estamos dispostos a acrescentar mais se for necessário”, explicou o belga Charles Michel.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que “pediram-nos que preparemos opções e fizemos nosso dever”.
As opções serão debatidas pelos líderes dos 27 membros do bloco na quinta-feira, acrescentou.
“Estamos preparados. Em caso de uma nova agressão militar, o custo para a Rússia será muito alto e terá graves consequências”, disse von der Leyen.
Moscou deseja bloquear a adesão à Otan e à UE das ex-repúblicas soviéticas que fazem fronteira com o bloco e com a Turquia.
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu nesta quarta negociações “imediatas” com a Otan e os Estados Unidos para ter garantias para a segurança da Rússia pela situação na Ucrânia.
“Não podemos fazer nada. Alguns Estados-membros pressionam para aceitar a Geórgia e a Ucrânia na UE, mas, para outros, isso é impossível”, explicou à AFP um ministro europeu.