Apesar do Metro Ligeiro contar apenas com a Linha da Taipa, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, acredita que este será o principal meio de transporte em Macau no futuro. Porém, Ku Heng Cheong, do Conselho Consultivo do Trânsito, falou com o PLATAFORMA sobre a existência de um longo caminho a percorrer antes que as afirmações do Secretário se materializem.
Durante o debate sobre as Linhas de Ação Governativa, na área dos Transportes e Obras Públicas para o próximo ano, alguns deputados demonstraram preocupação em relação à prioridade que será dada ao metro. Raimundo do Rosário referiu que os atuais 600 mil passageiros diários de autocarro, e o facto de não existir qualquer proposta para alargamento de horários ou linhas deste transporte, tornam o Metro Ligeiro na única solução para agilizar a densidade de utentes.
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Em 2019, o número médio de passageiros diários nos autocarros rondava os 627 mil. Em 2020, com a pandemia, esta média diária desceu para 455 mil, segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego. Já o metro, conta com um número muito mais reduzido. De acordo com a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, a média de passageiros diários rondou os 33 mil em dezembro de 2019, o primeiro mês de operação da rede. Contudo, com o fim da gratuitidade do serviço e a redução da frequência de viagens durante a pandemia, o número máximo de passageiros diários passou para 2,600 (dados de julho deste ano). Estes números provam que o metro continua a não ser a principal escolha dos residentes.
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O posicionamento das linhas ajudará a tornar mais rápida a viagem dos turistas entre as Portas do Cerco e a Taipa. No entanto, o impacto poderá ser reduzido para a população
Ku Heng Cheong
Ku Heng Cheong acredita que uma das razões para o baixo número de passageiros deve-se às limitações de linhas do metro, que não cobrem várias áreas da cidade. O vogal do Conselho Consultivo do Trânsito não acredita que o transporte ferroviário seja capaz de dar resposta às necessidades dos passageiros que viajam entre a Taipa e Macau. Os utentes preferem antes o autocarro ou carros particulares, que oferecem rotas mais rápidas e o mínimo possível de paragens, segundo Ku.
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“O serviço ainda não se tornou funcional, especialmente quando só conta ainda com a Linha da Taipa. Com a existência de outras linhas, os passageiros poderiam chegar ao seu destino com maior facilidade”. Mas, por enquanto, a escolha pelo metro não parece viável e os utentes “têm de recorrer a outro método de transporte”. “Para além do tempo adicional que tal implica para os mesmos, o bilhete de metro não é particularmente barato e isso leva os residentes a não optar por este método de transporte”, salienta o também vice-secretário-geral da Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau.
Ku Heng Cheong refere ainda que a construção das restantes linhas poderá não ser suficiente para satisfazer as necessidades dos residentes do centro e de zonas antigas da cidade. “O posicionamento das linhas ajudará a tornar mais rápida a viagem dos turistas entre as Portas do Cerco e a Taipa. O impacto pode até ser reduzido para a população, mas grande parte não acredita nas possibilidades e benefícios do metro”.
A relação íntima entre o desenvolvimento urbano e a rede de transportes, especialmente numa cidade desenvolvida, fazem com que as exigências da população estejam em constante crescimento
KU HENG CHEONG
Raimundo do Rosário explicou também que será inaugurada a extensão da Barra do Metro Ligeiro e as linhas de Hengqin e Seac Pai Van em 2023 e 2024, respetivamente. Já a Linha Leste, que passará pela Zona A dos Novos Aterros Urbanos, iniciará o seu processo de planeamento e construção no próximo ano.
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O Secretário esclareceu ainda que já foram iniciadas políticas de otimização do sistema de transporte, enquanto as restantes linhas não forem concluídas. O mesmo responsável deu como exemplo a construção de passagens para peões, bem como a melhoria dos serviços de autocarros e das estradas.
Por sua vez, Ku Heng Cheong também acredita que são necessárias diferentes medidas adicionais para “manter o trânsito sob controlo”. “É um problema que qualquer região iria sofrer na mesma situação, não sendo exclusivo a Macau”, especificou.
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Por outro lado, o representante do Conselho Consultivo do Trânsito acredita que a “relação íntima entre o desenvolvimento urbano e a rede de transportes, especialmente numa cidade desenvolvida, fazem com que as exigências da população estejam em constante crescimento”. “É um processo contínuo e o Executivo necessita de ter este fenómeno em consideração no futuro”, enfatiza.