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Pequim acusa os Estados Unidos de “más intenções” e promete “contra medidas”, reagindo assim à decisão de Washington não enviar representantes diplomáticos aos Jogos Olímpicos. Em causa está a pressão sobre os direitos humanos na China. Ou melhor… o regresso dessa agenda, num quadro de pré-conflito económico e político.
Os casos da tenista Peng Shuai, que denunciou ter sido violada por um antigo vice-primeiro-ministro chinês; e da jornalista Zhan Zhang, detida por divulgar vídeos sobre o início da pandemia, em Wuhan, conquistaram a opinião pública ocidental, sobrepondo-se à relevância de diálogo aberto com a recente cimeira digital entre Biden e Xi Jinping.
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Quem é que quer saber dos diplomatas norte-americanos que não vão estar nos camarotes?
Há duas formas de contextualizar o boicote diplomático – e o seu efeito político. Uma delas, a mais radical, cresce em ambos os países promovida por setores interessados no conflito. Nos Estados Unidos, esses interesses acusam Biden de ser frouxo, exigindo que os atletas norte-americanos não compitam em Pequim e pressionando nações aliadas nesse sentido. Já na China, vozes indignadas levantam-se a exigir medidas duras contra mais este humilhante ataque ao povo chinês.
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Mas há uma outra versão, mais ponderada, que entende que Biden encontra nesta decisão uma forma de pressionar a China, sem contudo boicotar os Jogos Olímpicos. Sejamos francos. Quem é que quer saber dos diplomatas norte-americanos que não vão estar nos camarotes? O que conta para o sucesso do evento são os atletas, heróis da modernidade a correrem o mundo a partir de Pequim. E nada disso está comprometido. Pelo menos para já.
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Se a partir daqui ambos os lados radicalizarem o discurso, pode muito bem não correr bem. Se, por outro lado, as contra-medidas chinesas forem proporcionais, e entenderem que há espaço para preservar a convivência e abrir janelas de entendimento, pode correr melhor. Vai ser – isso é inevitável. E pode correr bem – ou não.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA