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O aviso já estava dado, e tinha anos. A peça teatral na qual Pequim fingia que não via e os junkets continuavam a operar numa área muito cinzenta, para não dizer mais, terminou.
Seria sempre uma batalha impossível de vencer. Mas perante o cenário negro que se pintava na indústria dos junkets, há sempre duas soluções: aceitar que o futuro desdenha a sua contribuição e, sendo assim, adaptar-se ao novo paradigma; ou aproveitar ao máximo enquanto se pode. Escusado será dizer que foram incapazes de se transformar e, portanto, com a etiqueta de ovelhas negras, são alienadas da nova conjuntura. A mudança é rápida e falta a preparação necessária para assegurar que o impacto na cidade será invisível, mas é assim que a China tem atuado – tolerância zero.
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A detenção da figura de destaque no mundo junket, Alvin Chau, demonstrou que a China não mais iria compactuar com as atividades ilícitas do setor. E agora aplica-se o golpe mortal: a DICJ pede que se feche a linha de crédito nas salas VIP, desmoronando os pilares do modelo de negócio dos junkets.
Já mais especulativo, mas expectável, a Wynn Macau será a primeira a fechar as salas VIP operadas pelos junkets, de acordo com a AllinMedia. E o efeito dominó continuará, com todas as outras operadoras a seguirem os seus passos, aponta a corretora Bernstein.
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O impacto é duro? Para as operadoras nem tanto, porque ao contrário dos junkets começaram a preparar-se para o futuro aquando dos avisos de Pequim que este chegaria. Hoje, a exposição do EBITDA das operadoras aos junkets é menor. E as incertezas quanto à atribuição de novas licenças de jogo motivam este afastamento. Com pouco mais de seis meses até ao fim das atuais concessões, é do interesse de todas as concessionárias mostrar à China que querem fazer parte da nova conjuntura, seja ela qual for.
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Mas o impacto não se mede num só ponteiro. E o timing da decisão não é o melhor, porque a pandemia ainda cá anda, e a queda do emprego deve acentuar-se.
*Diretor-Executivo do PLATAFORMA