Brasil continua a elevar taxa de juro para conter inflação apesar da recessão

por Filipa Rodrigues
Lusa

O Banco Central brasileiro elevou ontem a taxa básica de juro do país em 1,5 pontos percentuais, para 9,25% ao ano, o maior nível desde 2017, visando conter a crescente inflação, apesar da atual recessão

O Comité de Política Económica (Copom) do Banco Central, na última reunião do ano, manteve a sua política de elevação acentuada das taxas de juro, numa tentativa de travar uma inflação que duplicou a meta fixada para 2021 e também ameaça superar a de 2022.

O aumento de ontem, aprovado por unanimidade pelos membros do Copom, foi a sétima elevação consecutiva nas taxas.

“Os indicadores divulgados nas últimas semanas mostram uma evolução da atividade económica abaixo do esperado: a inflação ao consumidor segue elevada, a subida dos preços foi superior ao esperado e as taxas acumuladas são incompatíveis com a meta de inflação”, justificou o Banco Central em comunicado.

O órgão também explicou a sua decisão pelo “ambiente menos favorável no cenário externo”, dada a persistente inflação nos países emergentes, a possibilidade de uma nova vaga da pandemia covid-19 e o surgimento da variante Ómicron.

O próprio Banco Central do Brasil admitiu que a sua intenção é continuar esse aumento até que possa conter a subida da inflação, pelo que a previsão dos economistas é que o Brasil encerre 2022 com taxas em 11,50% ao ano, o seu maior nível desde fevereiro de 2017.

Leia mais sobre o assunto em: Brasil eleva taxa de juros ao nível mais alto para conter inflação

Após dois anos de recessão (2015-2016) e outros dois de baixo crescimento, as taxas de juro caíram rapidamente no Brasil a partir de 2019, com a chegada à Presidência de Jair Bolsonaro, defensor de um modelo económico liberal, até se fixarem em 2% ao ano em agosto de 2020. Contudo, a partir de fevereiro de 2021, começaram a ser elevadas.

A grande preocupação da autoridade monetária é a inflação, que em novembro foi de 1,17%, o seu maior nível para o mês desde 2002, com a qual a taxa interanual atingiu 10,73%, o maior patamar desde fevereiro de 2016.

Em comunicado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a nova subida das taxas “excessiva e que coloca em risco a recuperação económica do país”.

Analistas de mercado, consultados pelo próprio Banco Central, preveem que o Brasil encerre 2021 com uma inflação de 10,18%, ou seja, com um índice que dobra o teto da meta que o órgão impôs para este ano, e que a subida nos preços desacelerará em 2022, mas a taxa para o próximo ano será de 5,25%, igualmente acima da meta.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!