Provocar o tigre

por Guilherme Rego
*David Chan

A Lituânia lamentou recentemente a decisão do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China de reduzir as relações diplomáticas entre os países para o nível de “encarregado de negócios”. A aprovação de uma representação de Taiwan na Lituânia foi a principal razão para a mudança, com a China a demonstrar o seu descontentamento com contramedidas imediatas. Mesmo após avisos sucessivos, a Lituânia escolheu ultrapassar os limites aceites: provando que o seu objetivo inicial era desafiar a soberania e a integridade territorial chinesa, sem consciência das consequências graves. A China retirou a sua embaixada da Lituânia, solicitando que o país fizesse o mesmo. Eventualmente, o país europeu implementou a medida

É importante mencionar que por detrás deste ato se sente a sombra dos EUA: dois dias antes da sua decisão final, a república do Báltico demonstrava estar ainda hesitante. Contudo, Joe Biden afirmou respeitar os três grandes princípios chineses, um compromisso estratégico que não impediu os políticos americanos de continuarem a tentar contestar a China. A decisão acabou por ser tomada por um governo lituano imprudente, após uma visita de Uzra Zeya, Subsecretária de Estado para Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos dos EUA. Ambos alertaram outros países para não interferirem com a Lituânia.  

As contramedidas chinesas poderão não estar limitadas à redução de laços diplomáticos, prevendo-se que no futuro próximo sejam anunciadas medidas adicionais. Apesar da China não ser o maior parceiro comercial da Lituânia, não deixa de ser o maior mercado mundial. É também aquele com maior potencial, sendo o maior parceiro comercial do país na Ásia e responsável por grande parte do seu potencial crescimento.  

O mais provável é que a China implemente sanções comerciais, como a suspensão das suas importações e redução do número de exportações, algo que irá aumentar o custo de funcionamento da economia lituana. Através do seu poder diplomático, a Rússia e a Bielorrússia poderão também exercer pressão económica e política sobre o país báltico. O presidente bielorrusso, Lukashenko, chegou até já a afirmar que Vilnius é seu território. Os próximos discursos irão deixar a Lituânia sem dormir.  

Leia também: NATO pede mais inteligência artificial perante ameaça da China

*Editor chinês do PLATAFORMA

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