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A decisão, muito clara, de Macau continuar de fronteiras fechadas, confirma o pior cenário possível – embora já esperado. Em termos económicos, mas também políticos e psicológicos, esta falsa esperança de andar para a frente esbarra numa lógica, que como diz o editorial aqui ao lado, expirou.
Neste tema, Ho Iat Seng não tem mesmo autonomia. Por razões que até se compreendem, no contexto nacional do combate à Covid-19. Por razões diferentes – mas não menos decisivas – também a renovação das concessões de jogo é conduzida por Pequim.
Na verdade, a mudança de ciclo protagonizada nesta altura em Macau apenas estará completa quando houver decisões claras sobre quais serão os operadores com acesso à renovação de licenças – e em que condições passarão a operar. Mas é também aí que Macau tem papel central no conflito sino-americano. Ou seja, é durante essa negociação que se perceberá como quer Xi Jinping lidar com a presença norte-americana no jogo em Macau.
Os futuros novos contratos, naturalmente de longa duração, terão muito mais impacto do que qualquer passo dado em direção à longínqua diversificação económica.
E a verdade é que, também neste tema, a pandemia fragiliza fortemente os agentes económicos. Quem anda no jogo acumulou muito capital e tem enorme capacidade de crédito. Contudo, no atual ambiente económico, regimes nacionalistas e com poder, como o de Xi Jinping, jogam com o tempo de outra maneira. E a agonia na indústria do jogo ajuda a desinflação; retira poder à economia paralela; abre portas a menos influência americana na circulação do capital chinês.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA