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A história do Partido Comunista da China, segundo Xi Jinping

O Partido Comunista da China adotou em 11 de novembro uma “resolução” sobre seus 100 anos de história, na qual os “erros” são mencionados para que sejam esquecidos e, sobretudo se destaca a importância da “nova era”, liderada pelo presidente Xi Jinping.

Esta é a terceira vez que o Partido Comunista publica uma resolução sobre sua história.

A primeira reforçou Mao Tsé-Tung em 1945, quando ele assumiu a liderança do partido, a segunda Den Xiaoping em 1981, após eliminar o herdeiros de Mao, falecido em 1976.

O novo texto, de 36.000 ideogramas, foi publicado na terça-feira.

– Os “erros” de Mao –

Mao Tsé-Tung permaneceu no poder na China da fundação da República Comunista em 1949 até sua morte em 1976.

No fim dos anos 1950, Mao estimulou uma política de industrialização forçada, conhecida como “grande salto adiante”, que levou o país à fome.

Combinada com a coletivização da terra, esta política provocou a morte de 30 a 70 milhões de chineses, de acordo com diversos estudos publicados no exterior.

A nova história do Partido Comunista da China ignora a fome e se limita a mencionar os “erros como a campanha pelo ‘grande salto adiante’ e o movimento pela criação das comunas populares”.

Marginalizado após o fracasso da política econômica, Mao retomou a ofensiva em 1966 com a “Revolução Cultural” contra o aparato do PCC que prosseguiria até sua morte.

A Revolução Cultural foi “uma catástrofe para o país e para o povo, criou um caos interno que durou 10 anos, o que causou ao Partido, ao país e ao povo os reveses e perdas mais graves desde a fundação da Nova China”, afirma o novo texto sobre a história.

“O camarada Mao Tsé-Tung fez uma estimativa totalmente equivocada da situação nacional das classes e da situação política do Partido e do país”, resume o documento.

Em 1981, a resolução precedente foi mais longe na denúncia do maoismo, afirmando que o Grande Timoneiro, como a imprensa oficial chamava Mao, tinha um balanço “negativo de 30%”.

O texto denunciava especialmente o culto à personalidade de Mao, menção que não aparece na resolução de 2021.

– O massacre da Praça da Paz Celestial –

A repressão de manifestantes na Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim em 1989, tema tabu na China de 2021, é citada, mas sem falar das vítimas.

“Entre a primavera e o verão de 1989, o macroclima internacional e o microclima nacional criados com o apoio e a instigação das forças hostis internacionais anticomunistas e antissocialistas provocaram graves distúrbios políticos em nosso país”, resume o novo texto.

“Com o apoio do povo, o Partido e o Governo combateram a agitação com uma postura claramente definida e conseguiram salvaguardar o poder estatal socialista e defender os interesses fundamentais do povo”, afirma.

A repressão da madrugada de 3 para 4 de junho de 1989 deixou centenas ou mais de mil mortos, dependendo das diferentes estimativas.

– A “Nova Era” de Xi Jinping –

Apesar de estar no poder há apenas nove anos, Xi Jinping monopoliza dois terços de um texto que cobre um século de história.

Seu nome é mencionado 22 vezes, enquanto o de Mao aparece em 18 ocasiões.

Deng Xiaoping, arquiteto das reformas que transformaram a China na segunda potência econômica mundial, é mencionado apenas seis vezes.

Os antecessores de Xi Jinping ainda vivos, Hu Jintao e Jiang Zemin, são citados apenas uma vez cada.

O atual líder aparece como o herdeiro de Mao, à frente de um país que aspira virar a maior potência mundial.

Xi Jinping está no “núcleo” do PCC e o “pensamento de Xi Jinping tem um significado decisivo para o desenvolvimento da causa do Partido” e o “impulso do processo histórico da grande revitalização da nação chinesa”, afirma a resolução.

A nova legitimidade histórica reforça o projeto de Xi Jinping de permanecer à frente do Partido e, portanto, do país, no congresso de 2022.

– Taiwan –

Após a tomada de poder pelos comunistas na China, os nacionalistas seguiram para a ilha de Taiwan, onde fundaram um estado autônomo do continente.

A China afirma que se reserva o direito de recorrer à força para recuperar a ilha.

Após a devolução de Hong Kong em 1997 e Macau em 1999, Taiwan é, aos olhos do regime, a última peça que falta na “reunificação” do país.

Sobre Taiwan, a resolução destaca que o camarada Xi Jinping formulou “a estratégia geral do Partido para resolver a questão na nova era”, mas não cita prazos para alcançar o objetivo.

“Tanto as oportunidades para reunificar por completo nossa pátria como a tendência que conduz a isto estão e estarão sempre ao nosso lado”, afirma a resolução.

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