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“Nada indica uma catástrofe como no inverno passado”

Em Portugal, o número de infeções por covid-19 mantém uma tendência de subida desde o final de setembro, tendo-se registado ontem 1182 casos e oito óbitos. Para o matemático Henrique Oliveira, da equipa do Instituto Superior Técnico (IST) que desde o início da pandemia faz a modelação do avanço da doença a longo prazo, e de acordo com a sua gravidade, a situação é normal, deriva da abertura da sociedade a todas as atividades económicas e significa até que a doença se está a tornar endémica, embora continue “a ser uma doença grave”. O que a realidade nos está a mostrar é que o número de casos está a subir, mas o número de óbitos não.

Ou seja, argumentou ao DN o professor do IST, “não podemos olhar para uma matriz de risco que avalia só a incidência e a transmissibilidade, através do R(t), temos de incorporar a realidade nestes indicadores”, querendo dizer que o vetor gravidade da doença, que se mede pelo número de óbitos e internamentos em enfermarias e em unidades de cuidados intensivos (UCI), tem de ser tido em conta. E, neste momento, o que este vetor gravidade nos indica é que, apesar de o número de casos estar a subir, a média de óbitos diários está a descer desde setembro”. Por exemplo, “há dois meses, tínhamos 12 mortos por dia. Hoje, temos seis. Isto é muito significativo e importante”, sublinhou o matemático.

De acordo com as estimativas feitas pela equipa do IST, Portugal poderá atingir à altura do Natal os 2500 casos, mas, no mesmo período, “podemos afirmar de forma muito segura que o número de óbitos diários não ultrapassará os 20. A probabilidade de tal acontecer é muito, muito baixa”.

A média diária de óbitos, e numa avaliação a sete dias, “rondará os 12 a 13 óbitos”, disse Henrique Oliveira, sublinhando que “é uma média significativa, porque o número de mortes diárias por outras doenças respiratórias nesta altura do ano é de 40, em janeiro chega aos 45, e a média anual é de 33 por dia. A média de mortes por covid está agora muito abaixo desta. Não nos podemos esquecer que os riscos neste momento são muito inferiores aos do ano passado, em 2020-2021 não tínhamos vacinação, em 2021-2022 temos”.

Por isso mesmo, e por não haver qualquer dado que indique que venhamos a ter uma catástrofe como a que tivemos no final do ano passado e princípio deste, no inverno, em que o país chegou a atingir os 16 mil casos de infeção diários e 303 mortes nos piores dias (a 28 e 30 de janeiro), Henrique Oliveira defende que “as pessoas não podem ficar aterrorizadas cada vez que os números sobem ligeira ou até significativamente. A situação de hoje é completamente diferente da que se vivia há um ano e acho um pouco alarmista andar a falar-se já de uma quinta ou de uma sexta vaga. Devemos preocupar-nos com a gravidade da doença e esta não está a existir”, argumentou.

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