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Países lusófonos juntos no combate às alterações do clima

ONU News

Brasil anuncia subsídios para redução de gases de efeito estufa; Guiné-Bissau, São Tomé e Cabo Verde entre Estados que compartilham do drama das nações insulares; Angola e Moçambique relatam ambições quanto ao uso de energias renováveis.

Nesta terça-feira, encerraram os discursos dos líderes mundiais e seus representantes de alto nível, destacando compromissos nacionais como parte da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP26.

A ativista climática indígena do Brasil, Txai Suruí, esteve no centro das atenções na abertura, ao fazer uma das primeiras aparições de grande impacto em Glasgow. 

Futuro

“Eu espero muita responsabilidade e que, de fato, a gente consiga agir com as emergências que estão iminentes. Não tem mais tempo, tem que ser agora. Eu espero responsabilidade deles, com nosso futuro e nosso presente”.

Falando à ONU News, a Fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia chamou a atenção para o efeito devastador do desmatamento da Amazônia no início do segmento dos líderes na conferência. 

O apelo dela foi feito no mesmo dia em que, num vídeo enviado para a COP26, o presidente Jair Bolsonaro destacou que o Brasil é uma potência verde e “o combate à mudança do clima sempre foi parte da solução, não do problema”.

“Atualmente, o Governo Federal conta com linhas de crédito e investimentos que, somadas, superam a casa dos cinquenta bilhões de dólares. Esse montante é oferecido para projetos “verdes”, em áreas como conservação e restauração florestal, agricultura de baixas emissões, energia renovável, saneamento, transporte e tecnologia da informação. Esses recursos vão impulsionar a economia, gerar emprego, e contribuir para consolidar o Brasil como a maior “economia verde” do mundo.”

O líder brasileiro disse que ficou a cargo do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciar a nova meta de redução de gases de efeito estufa a ser subsidiada em 50%.

Metas

No terceiro dia oficial da COP26, as declarações da maioria dos países lusófonos marcaram o segmento de alto nível. Na abertura, o presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, traçou o cenário de vulnerabilidade devido às alterações climáticas.

Como pequeno Estado-ilha em desenvolvimento, a Guiné-Bissau ainda precisa de apoio para o pós-pandemia. Embaló disse que mesmo participando de forma insignificante nas emissões de gases nocivos ao ambiente, as metas nacionais são ambiciosas.

“Está bem patente o seu compromisso com uma meta quantificada de redução de emissões que cobre os principais setores, ou seja, agricultura, florestas, uso de solo, energias e resíduos. Isso acresce uma meta ambiciosa: a redução de gases com efeito de estufa, a menos de 30%, até 2030 em comparação com o cenário de referência.”

A Guiné-Bissau quer urgência, maior responsabilidade e seriedade nos compromissos internacionais em favor de uma reforma sustentável, ao mesmo tempo que precisa de finanças para a adaptação.

Desenvolvimento

O presidente de Angola, João Lourenço, disse que o plano nacional sobre alterações climáticas para os próximos 15 anos visa alcançar o Acordo de Paris. 

“Privilegiamos a produção e consumo de energia limpa proveniente das barragens hidroelétricas existentes e de outras por construir, assim como nas fontes renováveis de energia, com destaque para projetos de produção de energia fotovoltaica com parques solares que vão reduzir o consumo de combustíveis fósseis na produção de energia eléctrica. Atualmente a matriz energética nacional já incorpora 62% de fontes não poluentes de energia, ambicionando chegar a 70% em 2025.”

O Governo de Luanda atua em linha com consensos internacionais tentando aplicar a agenda de desenvolvimento africano até 2063 e as metas globais desta década.

Em francês, o presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Manuel Vila Nova, declarou que a subida do nível do mar fez com que o arquipélago perdesse 4% do seu território.

O chefe de Estado são-tomense disse que com todas as consequências dramáticas, as nações vulneráveis e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento estão cada vez mais frustrados com pedidos e necessidade de colaboração sem resposta.

Comunidades

São Tomé e Príncipe destaca haver pouco progresso na adaptação às alterações climáticas e que ainda precisa de “um apoio forte e urgente para continuar a construir a resiliência das comunidades mais vulneráveis”.

A exposição de pessoas às calamidades foi destacada no discurso do primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário. Depois de cinco ciclones sofridos em 2019, sendo que dois mais devastadores, o país carece de financiamento. Uma das maiores necessidades são tecnologias para uso de energias limpas.

“Moçambique defende uma transação energética amigas do ambiente que seja gradual e faseada de modo a minimizar o impacto do processo de desenvolvimento do nosso país. E neste contexto que Moçambique se propõe a utilizar o gás natural como fonte de energia transição para fontes mais limpas. Excelências, Moçambique está determinada a continuar a enviar esforços para atingir em 2030 níveis de 62% de contribuição energias renováveis na matriz energética nacional no âmbito do processo de objetivo desenvolvimento sustentável.”

Moçambique anunciou que irá aumentar de forma significativa a sua ambição de reduzir e 1,2 toneladas de CO2 por pessoa, um quarto da média global para emissões necessárias para 1,5 º C.

Clima

O empoderamento tecnológico também está na mira de Cabo Verde. O primeiro-ministro José Ulisses Correia lembrou a exposição do arquipélago aos efeitos severos das alterações climática e disse ser exemplo de contribuição significativa na ação pelo clima.

Transportes

“Reduzir as emissões em 38% até 2030 e atingir a neutralidade carbônica em 2050. Partindo dos atuais 20%. Pretendemos em 2030 ter mais de 50% de energias renováveis acompanhado de suficiência energética. Cabo Verde foi o primeiro país africano a aderir à aliança para a Descarbonizarão dos Transportes. Até 2030, devemos substituir 25% da nossa frota de veículos térmicos por veículos elétricos que deve terminar em 2050.”

Para o líder cabo-verdiano é tempo de ação de todos, juntos, também promovendo o fim da pobreza. 

As discussões de líderes, nestes primeiros dias da COP26 fecharam com o alerta sobre as evidências de que as atuais promessas de emissões resultam em aumento de 2,7 ºC na temperatura global. 

Florestas

A declaração sobre a proteção de floresta e uso da terra marcou o primeiro entendimento alcançado na COP26.  O Brasil está entre os principais signatários.

Esta terça-feira também ficou marcada pelo acordo de dezenas de instituições financeiras que decidiram não investir mais no desmatamento, cujas atividades são responsáveis por 23% de emissões mundiais de gases de efeito estufa.

Nesta quarta-feira, será discutido o financiamento da ação climática. O debate dará início às discussões temáticas, reservadas a cada dia, durante as duas semanas de negociação. 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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