Segurança no Mar da China Meridional

por Guilherme Rego
David ChanDavid Chan*

O submarino nuclear americano USS Connecticut, de classe Seawolf, colidiu com um objeto não identificado no Mar da China Meridional, atraindo a atenção de todo o mundo. Porém, este incidente é apenas uma pequena parte das complexas operações militares que os EUA têm organizado recentemente. Depois da entrada dos porta-aviões ingleses na região do Indo-Pacífico, agora são os EUA a enviar, pela primeira vez desde 2017, três porta-aviões para exercícios militares. A presença de porta-aviões destes dois países, em conjunto com forças navais de outras seis nações, provam que o seu objetivo é um novo confronto geopolítico no Indo-Pacífico em 2021. Contudo, os exercícios americanos não são coesos. Talvez devido ao facto de os três porta-aviões já se encontrarem no fim de carreira, o único a não abandonar a região foi o USS Carl Vinson. Mesmo assim, para os EUA, um exercício desta dimensão e intensidade, com um significado muito mais político do que militar, não é justificação para não enviar submarinos nucleares estratégicos.  

Não podemos deixar de reconhecer as desvantagens que as forças militares chinesas ainda possuem em comparação com o exército americano em termos de submarinos nucleares 

O submarino USS Connecticut nuclear de classe Seawolf foi construído no final da Guerra Fria, as suas capacidades não são tão fantásticas como o que se diz, ainda assim possui algumas vantagens em comparação com os submarinos de classe Virginia e não deixa de ser considerado uma arma estratégica. A escolha deste submarino nuclear, usado maioritariamente para combater em redes de guerra antissubmarina, deu ainda mais importância política ao exercício americano, com uma história longa de submarinos nucleares como a classe Seawolf. Os EUA decidiram ainda adiar a comunicação pública da colisão até 5 dias após o incidente, talvez para tentar esconder possíveis danos no USS Connecticut e confirmar que o navio era capaz de voltar a viajar em segurança até Guam. Esta parece ser a razão que fez a marinha norte-americana emitir o comunicado apenas no dia 7 de outubro. 

Embora o exercício americano tenha sido impulsionado pelo envio de equipamentos sonares de combate a submarinos pelo Exército de Libertação Popular, assim como outros sensores aquáticos e aéreos na região do mar da China meridional, como um “erro forçado”, não podemos deixar de reconhecer as desvantagens que as forças militares chinesas ainda possuem em comparação com o exército americano em termos de submarinos nucleares. É difícil assim considerar este incidente como uma vitória para o Exército de Libertação Popular.  

O mar da China meridional é atualmente um espaço com uma alta densidade de navios, ilhas e recifes, assim como sensores aquáticos. Ou seja, os navios americanos são obrigados a navegar em silêncio, dificultando a navegação e segurança de outros navios de mercadorias.  

*Editor chinês do PLATAFORMA

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!