Imagem de Portugal cada vez pior nos crimes de colarinho branco

por Gonçalo Lopes

Luís de Sousa, politólogo, alerta que a posição relativa de Portugal no contexto internacional dos crimes de colarinho branco está a piorar

Isaltino Morais, Armando Vara e Duarte Lima. Todos cumpriram ou estão a cumprir (Vara e Lima) penas de prisão por crimes de colarinho branco. Na perceção geral do país, é de corrupção que se trata. Mas, na verdade, não é.

Nem o histórico presidente da Câmara de Oeiras (há dias reeleito com 60% dos votos), nem o antigo ministro de Guterres, nem o antigo todo-poderoso líder parlamentar do PSD no tempo de Cavaco Silva cumprem ou cumpriram pena por corrupção. Isaltino foi por fraude fiscal e branqueamento; Vara por tráfico de influências; e Duarte Lima por burla e branqueamento. No entanto, na perceção popular é de corrupção que se trata. Ainda ontem, no caso do banqueiro João Rendeiro,, foi de corrupção que se falou – mesmo não sendo.

É então de perceção que se trata – não estritamente da definição penal de corrupção. E a perceção é na verdade a única forma de avaliar a dimensão do fenómeno dos crimes de colarinho branco. Dado que se trata, no essencial, de dinheiro ilicitamente ganho, ele está escondido e, na maior parte das vezes, mesmo muito bem escondido (são raros os casos como o daquele dirigente partidário em Coimbra que depositava os subornos na sua conta à ordem). Do que a corrupção custa ao PIB (ou ao erário público) nada se sabe. Mas já a perceção é possível avaliar.

Luís de Sousa, cientista político e investigador do ICS-UL (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) há muito que fez das políticas de controlo da corrupção a sua especialidade académica. Por causa disso chegou a ser presidente da Associação Integridade e Transparência, a delegação portuguesa da Transparência Internacional.

O que o investigador sublinha, quanto à posição de Portugal no índice internacional (ver infografia) é que “estagnamos”. Ou seja: a perceção não piora muito mas também não melhora nada. E entretanto “há países novos na UE, como os vindos do Leste Europeu, caso dos países bálticos e da Eslovénia, que estão a subir muito” e a baixar a posição de Portugal.

Está então em causa – diz o investigador – “o dano reputacional do país” comparativamente com outros, por exemplo na perspetiva da obtenção de investimento direto estrangeiro. Se há países a ultrapassar Portugal nos seus pergaminhos anticorrupção, então Portugal vai ficando numa posição cada vez mais difícil para captar investimento. A não ser, é claro, que só queira investimento vindo de quem não só não se importa com a corrupção como até a agradece.

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