Transporte sustentável

por Filipa Rodrigues
Gladys NgGladys Ng*

O Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, partilhou recentemente o seu desejo de ver Macau participar na estratégia nacional de redução de emissões de carbono, com o objetivo de atingir o pico das emissões até 2030. Logo depois, foi a vez do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo Arrais do Rosário, confirmar a capacidade da RAEM em alcançar a meta do pico das emissões e da neutralidade carbónicas antes da data definida a nível nacional. No entanto, o Governo ainda não tem qualquer política ou plano elaborado, estando longe de atingir estas metas.

De acordo com a Direção dos Serviços de Proteção Ambiental (DSPA), as principais fontes de gases com efeito de estufa em Macau são os geradores energéticos, os transportes terrestre, comercial, familiar, e a indústria de serviços. Até agora, o principal esforço do Governo na redução das emissões diz respeito aos transportes terrestres.

Várias são as medidas que se podem implementar em Macau para reduzir a poluição, tais como benefícios fiscais para uso de veículos sustentáveis, criação de normas relativas aos combustíveis fósseis ou de restrição à importação de veículos poluentes, subsídios para a instalação de equipamentos de tratamento de gases de escape nas associações e empresas, além de exigir a utilização de veículos sustentáveis pelas companhias de transporte.

À medida que o número de veículos na cidade cresce, o mesmo acontece com as emissões. Embora o número exato das emissões originadas pelos transportes terrestres ainda não esteja incluído no “Relatório do Estado do Ambiente de Macau 2020”, em 2019 estes transportes representaram 30 por cento das emissões, com um crescimento total de 15 por cento desde 2012. Estes dados esclarecem que as atuais medidas implementadas pelo Governo de Macau não são suficientes.

Para termos transportes sustentáveis devemos ter em consideração os tipos de veículos utilizados, mas também o estilo de vida urbano que adotamos. Duas das formas possíveis para conseguir reduzir as emissões de carbono são:

Incluir mobilidade sustentável no planeamento urbanístico

A mobilidade tem em conta o tempo, custo e segurança de uma vida saudável para a população de uma determinada região.
Por exemplo, com a estratégia Sustainable Sydney 2030, a Austrália procurou focar-se na criação de uma cidade acessível e focada nos peões. Algumas medidas implementadas incluem a construção de infraestruturas para pedestres no planeamento de novas áreas ou locais em renovação, como passeios e ciclovias.

Também a estratégia de transportes definida para a cidade de Londres, no Reino Unido, procura reduzir a dependência da população nos automóveis e criar uma cidade com acessibilidade pedonal, uso de bicicletas elétricas e transportes públicos.

Quando uma cidade é pensada e desenvolvida com a população em mente, consegue-se atrair mais pessoas a experienciarem ambientes e vidas sem a dependência de veículos poluentes.

Criação de normas relativas aos combustíveis para automóveis

A mudança para a utilização de veículos elétricos é uma das principais medidas pensadas para reduzir as emissões produzidas pelos transportes. Contudo, a promoção destes veículos não é fácil. Existem apenas 1489 carros elétricos em Macau, 13 por cento do total de veículos de uso particular na cidade. As políticas devem, por isso, incluir normas de eficiência de emissões para veículos a combustível fóssil.

Um estudo recente nos Estados Unidos concluiu que, ao longo dos últimos 40 anos, através da utilização de transportes mais sustentáveis relativamente ao uso de combustível, reduziu-se as emissões de carbono em 17 mil milhões de toneladas.

Para encorajar a utilização deste tipo de veículos, a China continental passou a subsidiar o uso dos mesmos. Os limites nacionais de consumo de combustível promovem ainda o uso de automóveis sustentáveis.

Em conclusão, reduzir o impacto ambiental dos transportes é tão importante quanto a promoção de veículos elétricos. Embora o setor dos transportes não tenha um impacto tão negativo quanto o das centrais elétricas, não deixa de ser um ponto fulcral na redução das emissões de carbono. Regular este setor é importante para melhorar a qualidade
de vida nas cidades.

*Gestora de Projetos Ambientais e Sociais na GenervisionHouse

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