China cita investimentos e diz esperar estabilidade do Brasil

por Guilherme Rego
Folha de S.Paulo
O ministro-conselheiro Qu Yuhui, porta-voz da embaixada da China no Brasil - Wilson Dias -

O governo da China espera estabilidade no Brasil do governo Jair Bolsonaro, lembrando que tem mais de 80 mil milhões de dólares investidos no país. 

“Como amigos do Brasil, esperamos que o país mantenha a estabilidade e o contínuo desenvolvimento”, afirmou Qu Yuhui, ministro-conselheiro e porta-voz da embaixada da China em Brasília

O mesmo respondia a uma questão feita pela Folha de S.Paulo, acerca da grande instabilidade da semana passada, após o presidente fazer discursos golpistas diante de multidões de apoiantes nos atos do 7 de Setembro —dois dias depois, Bolsonaro ensaiaria um recuo tático. 

De forma previsível, Qu afirmou que “não cabe a nós comentar os assuntos internos do Brasil”. Continuou, contudo: “Vale salientar que a China é um dos principais investidores no Brasil, com um volume de contribuições em rápida ascensão” de 80 mil milhões de dólares e “40 mil empregos diretos”. 

Leia mais sobre o assunto em: Investimento chinês no Brasil atinge 66 mil milhões em 11 anos

Ideologicamente, a base bolsonarista adota um discurso anticomunista, e há uma coleção de episódios nos quais o presidente, ministros e alguns dos seus filhos criticaram Pequim. No entanto, os ataques vêm quase sempre seguidos de recuos e tentativas de pedidos de desculpa. Bolsonaro, por exemplo, adotou um tom cordial e cooperativo durante a videoconferência do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Esta parceria tem se mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil, tendo em vista que parte expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumos de origem chinesa”, referiu Bolsonaro. 

“A afirmação sobre as relações sino-brasileiras feita pelo presidente Bolsonaro foi uma avaliação objetiva sobre as relações amistosas entre nossos dois países e a parceria bilateral de alto nível no contexto da pandemia”, disse à Folha de S.Paulo. 

“Nesta cúpula do BRICS, o presidente Xi Jinping apresentou cinco iniciativas para promover o crescimento de alta qualidade da cooperação pragmática dentro do bloco. Esperamos trabalhar com o lado brasileiro para implementar os importantes consensos alcançados.” 

Relativamente à tecnologia 5G, os EUA têm pressionado os aliados para não se envolverem com a empresa chinesa Huawei, a principal fornecedora de tencologia 5G a nível mundial. No Brasil, o leilão é marcado por diversos vaivéns, no entanto, a Huawei só está proibida de se associar a operadoras na rede privada do governo, por onde circulam dados sensíveis à segurança nacional.  

Leia mais sobre o assunto em: China condena pressão exercida pelos Estados Unidos sobre Portugal

Para Qu, o edital brasileiro “oferece condições relativamente equitativas de concorrência”. “Esperamos que o governo brasileiro continue a proporcionar às empresas chinesas, incluindo a Huawei, um ambiente de negócios imparcial, aberto, transparente e livre de discriminação”, concluiu. 

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