Jogo em alerta vermelho

por Guilherme Rego
Paulo Rego
Paulo Rego

Para quem tinha tanto lucro acumulado, a crise pandémica aguenta-se bem, já a revolução que aí vem é bem mais dura e estruturante para a indústria do jogo. O primeiro guião para a renovação das concessões, revelado pela Macau Business, anuncia o fim das subconcessões, controlo local na gestão, e a imposição de envolver os casinos diretamente na diversificação económica. Ou seja, a indústria do jogo vai ter de investir e apoiar áreas que garantam o fim do seu próprio domínio. Não surpreende… mas é um sapo difícil de engolir. 

O fim das subconcessões – que nunca deviam ter existido – coloca a questão central e decisiva. Quer isso dizer que serão apenas três concessões – ou mais? Na primeira hipótese, presumindo que a presença tradicional da STDM e o poder político da Galaxy lhes dão vantagem… há pelo menos quatro galos apenas para mais um poleiro. Já para não falar de outros candidatos que há muito se mexem. Uma coisa parece certa: o peso dos americanos tende fortemente a diminuir – se é que consegue resistir. Expectável… e verdadeiramente sensível. 

Quanto ao controlo da gestão, implica também um novo paradigma nos bastidores dos fluxos financeiros, desincentivando em parte o capital estrangeiro no setor do jogo. Não é mera birofobia – é absolutamente estratégico. Os biliões vindos do Continente, que rodam e alimentam vários centros de poder, na China e no resto do mundo, vão merecer controlo apertado de Pequim. Já se esperava… tem importância política capital. 

Imagine-se que o mundo podia decidir que só comprava o petróleo se os países fornecedores se comprometessem a investir na migração para as energias renováveis e não poluentes. O conceito é quiçá brilhante, mas só pode impô-lo quem tem poder para impôr uma pressão desse calibre. No caso do jogo, a China pode. E vai fazê-lo. Fala-se há muito nisso… vai haver gritos e cabelos em pé. 

*Diretor-geral do PLATAFORMA

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