Perante o absurdo da sociedade e estagnação económica causada pela pandemia, Macau luta para encontrar uma saída. Porém, tal como o Sísifo na mitologia grega, os testes parecem ser intermináveis.
Está a chegar o dia da votação para as eleições legislativas de Macau. As listas de candidatos dedicam-se às campanhas. Talvez pela pandemia ou por outros motivos, o ambiente eleitoral está diferente.
Os debates eleitorais realizados na televisão não foram tão conflituosos como no passado. As bases do programa político de cada lista não diferem muito. Os candidatos fazem monólogos; as ideias são idênticas. Num instante, a sociedade parece ser monótona, ficaram só as vozes políticas de postura mais contida.
Os acontecimentos políticos recentes fizeram com que muitos apoiantes pró-democratas expressassem a sua insatisfação com as eleições e o governo da RAEM. Alguns assumem que não vão às urnas. No entanto, não devemos ceder o nosso voto com facilidade. A eleição é uma forma importante de participação política dos residentes da RAEM. A lei consagra-nos o direito de voto, que é um direito fundamental e uma responsabilidade social. Mesmo no cenário mais pessimista, é melhor votar em branco do que optar pela abstenção. Pelo menos, pode-se aumentar a base de votos para evitar que as listas com mais poder monopolizem o sistema, reduzindo ainda mais a diversidade política.
Não importa o quão triviais as coisas pareçam, também têm o seu significado de existência. Embora Sísifo tenha sofrido todas as amarguras, não estava desesperado nem deprimido. Ergueu-se contra o absurdo e não hesitou em lutar contra o seu destino. Como o escritor francês Albert Camus disse: “Todas as grandes ações e pensamentos têm um começo irrisório”.
*Diretor-Executivo do PLATAFORMA