Português em franco crescimento como língua de negócios

por Fernanda Mira
ONU News

Falado num universo de mais de 280 milhões de pessoas, o português vê aumentar sua importância como língua de cultura e língua de negócios. A declaração é do presidente do Instituto Camões – da Cooperação e da Língua, o embaixador de Portugal, João Ribeiro de Almeida.

Ele falou à ONU News, diretamente de Lisboa, sede do Camões, sobre o aumento da importância geopolítica do idioma, especialmente nos últimos anos.

Hemisfério Sul

“Sim porque a língua portuguesa é uma língua de educação, de cultura, de aproximação, de pontes, mas também é uma língua… E não podemos esconder isso, pelo contrário, temos que o assumir. É uma língua de negócios, é uma língua de ciência, é uma língua de inovação e de conhecimento, cada vez mais.

Aliás, o Instituto Camões, na sua rede de Cátedras no Estrangeiro, tem apoiado muito a formação de cátedras que tenham a ver com a ciência, a inovação e a tecnologia, e obviamente também, a língua de negócios.

Porque a língua portuguesa é um grande ativo em todo o mundo já. A Mônica sabe disse, mas eu vou repetir aqui para todos: o português já é uma das línguas mais faladas no Hemisfério Sul na internet. Imaginem o que isto tem de potencial para poder levar o mais avante possível tudo o que tem a ver também como uma língua de negócios. Portanto, o português cada vez mais a afirmar-se como uma das línguas globais em todo o mundo.”

Tétum

João Ribeiro de Almeida é embaixador de carreira e já representou Portugal em países como Argentina e Colômbia. No início da carreira, ele serviu no Timor-Leste, onde viu nascer o país do sudeste asiático que escolheu o português como língua oficial ao lado do tétum.

Na entrevista à ONU News, João Ribeiro de Almeida lembrou a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, há 25 anos, que reunia apenas algumas nações associadas.  Mas com o fortalecimento de blocos regionais e comerciais como Mercosul, União Europeia e União Africana, intensificou-se o interesse pela Cplp, que está presente em quatro continentes com seus membros.

Hoje, a entidade é procurada, cada vez mais, por nações interessadas na esfera de atuação da Cplp, que acompanha a do português, indo das Américas à Ásia passando por África e Europa.

Angola

Na última Cúpula de Chefes de Estado e Governo, por exemplo, em Luanda, capital de Angola, países como Estados Unidos, Índia, Espanha, Canadá e Catar se associaram ao bloco integrando uma lista que já tinha Reino Unido, França, Japão e outros países que não falam o idioma.

Na íntegra da entrevista, que será publicada nesta sexta-feira, na página da ONU News, o presidente do Camões também citou o caso do Timor-Leste, onde segundo ele, o português vem crescendo em número e importância.

João Ribeiro de Almeida lembra que quase todos os estudantes agora do ensino superior no país asiático reconhecem a relevância da língua portuguesa como uma marca da nacionalidade timorense e uma diferenciação do país de outras nações vizinhas como Austrália e Indonésia.

Samba e fado

Para o embaixador, uma das apostas do Camões é também a cultura, que cria pontes de promoção da língua.

“Porque há muita gente que chega à língua portuguesa pela cultura. Há muita gente que chega, pela primeira vez, à língua portuguesa porque se apaixona pela cultura em língua portuguesa. Não tem que ser cultura somente de Portugal, pode ser cultura brasileira, angolana. Quantas vezes, nós descobrimos pessoas que dizem: ‘e, pá, aquele samba é tão bonito, mas eu queria perceber o que eles dizem’, isso, os nossos amigos estrangeiros, a mesma coisa com o fado… Então, há muita gente que chega à língua pela cultura em língua portuguesa.  E nós temos que buscar e tentar organizar toda esta gente.”

Atualmente, o Instituto Camões – da Cooperação e da Língua gerencia 51 leitorados e 83 centros de língua portuguesa.  A entidade mantém ainda protocolos de apoio à ciência em 312 universidades no mundo em 76 países e lidera 55 cátedras.

Até o fim do ano, o Instituto Camões deve abrir mais dois Centros de Língua na América Central.

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