Príncipe saudita encontrou-se com Blinken em discreta visita aos EUA

por Filipa Rodrigues
AFP

O vice-ministro da Defesa da Arábia Saudita, Khalid bin Salman, encontrou-se com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ontem, numa visita discreta a Washington, em um momento em que a Casa Branca se distancia de seu aliado árabe

Khalid bin Salman, o irmão mais novo do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman – que segundo a inteligência ordenou o assassinato do jornalista opositor Jamal Khashogg – é o visitante de mais alto escalão do reino a visitar Washington desde que Joe Biden assumiu o cargo em janeiro.

O Departamento de Estado disse que o príncipe se reuniu com altos funcionários dessa pasta e que Blinken participou de apenas parte da reunião. Algo semelhante aconteceu na recepção a Khalid no Pentágono na terça-feira.

Blinken falou com o príncipe sobre “os esforços para conseguir um cessar-fogo” no Iêmen e “a transição para um processo político” naquele país, onde os rebeldes houthis montaram uma ofensiva mortal, acrescentou.

Também foi discutida “a necessidade de reforma econômica e ajuda humanitária para o povo libanês e outras questões bilaterais importantes, incluindo direitos humanos”, informou o comunicado do Departamento de Estado.

O príncipe se encontrou na terça-feira com Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional de Biden, que discutiu o “compromisso dos Estados Unidos em ajudar a Arábia Saudita a defender seu território enquanto enfrenta ataques de grupos alinhados com o Irã”, disse a Casa Branca.

Como o o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman detém o título de ministro da Defesa, não seria uma violação do protocolo o príncipe Khalid, seu vice, não ter reuniões plenas com membros do gabinete americano.

Mas o atraso na viagem reflete um endurecimento da atitude dos Estados Unidos em relação a Riade sob o governo de Biden, que acabou com a carta branca que seu antecessor Donald Trump concedeu ao reino saudita.

Biden divulgou relatórios de inteligência sobre o assassinato de Khashoggi, que foi estrangulado e esquartejado no consulado saudita em Istambul depois de escrever críticas sobre o príncipe herdeiro, e diminuiu o apoio americano à ofensiva saudita no Iêmen, que a ONU considera o pior desastre humanitário no mundo.

Apesar da pressão de outros democratas, Biden não impôs sanções ao príncipe herdeiro pelo assassinato de Khashoggi, dizendo que a necessidade de lidar com o mandatário saudita era inevitável.

Trump condenou o assassinato do jornalista, um colaborador do The Washington Post, mas afirmou que as lucrativas compras de armas americanas pela Arábia Saudita superam as preocupações com os direitos humanos.

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