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Presidente da CPI manda deter ex-diretor da Saúde do Brasil por mentir em depoimento

O presidente da Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) da pandemia, Omar Aziz, mandou hoje deter o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde do Brasil Roberto Ferreira Dias sob a acusação de mentir em depoimento.

“Chame a polícia do Senado. O senhor está detido pela presidência da CPI”, afirmou Aziz a Roberto Dias.

Apesar de a advogada de Roberto Dias argumentar que o pedido de detenção é um “absurdo” e que o depoente deu “contribuições valiosíssimas”, Aziz manteve a decisão.

“Prender alguém não é uma decisão fácil. Mas, não aceito que a CPI vire chacota. Temos mais de 527 mil mortos nesta pandemia. E gente fazendo negociata com vacina. A Comissão busca fazer justiça pelo Brasil. Não vamos ouvir ‘historinha’ de servidor [funcionário] que pediu propina [suborno]. E quem vier depor achando que pode brincar, terá o mesmo destino”, avisou o presidente da CPI na rede social Twitter.

Esta foi a primeira detenção determinada pela CPI da pandemia, uma comissão instalada no Senado brasileiro, em 27 de abril, para investigar alegadas falhas e omissões do Governo de Jair Bolsonaro na gestão da covid-19.

Roberto Dias foi convocado a depor na CPI sobre as acusações de que teria pedido suborno de um real por cada dose de vacina da AstraZeneca comprada pelo Ministério da Saúde brasileiro e que teria pressionado um funcionário a agilizar a aquisição do imunizante indiano Covaxin.

Roberto Dias foi exonerado do cargo no final do mês passado, após a revelação da polémica.

Ao longo do seu depoimento prestado hoje na CPI, o agora ex-diretor do Departamento de Logística negou ter pedido suborno na negociação para a compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, proposta pela empresa Davati Medical Supply ao Governo.

Roberto Dias também negou ter negociado vacinas num encontro com o representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti (que revelou o alegado pedido de suborno), num ‘shopping’ em Brasília, no final de fevereiro, e alegou ter encontrado o representante da Davati acidentalmente, quando foi tomar uma cerveja com um amigo.

Contudo, mensagens e áudios registados no telemóvel do Dominguetti, revelados pelo canal televisivo CNN Brasil e que estão em poder da CPI, colocaram em causa a versão de Roberto Dias, de que o encontro foi acidental.

“Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, está? Estamos na fase burocrática. Em off, para você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, ok? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, não é? E quinta-feira temos uma reunião para finalizar com o Ministério”, disse Dominguetti num dos áudios enviado a um interlocutor, gravado em 23 de fevereiro, dois dias antes do encontro no ‘shopping’ em Brasília.

Dois dias depois, na quinta-feira, dia do encontro, Dominghetti cita já ter uma reunião marcada para “finalizar com o Ministério”.

“Acabei de sair aqui do Ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar ao Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje. Ele está afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”, disse Dominguetti, no dia após o encontro com Roberto Dias.

Após os senadores ouvirem os áudios, que alegadamente comprovam que o encontro não foi “acidental”, o presidente da CPI mandou deter Roberto Dias por ter mentido e cometido perjúrio, ou seja, violado o juramento de falar a verdade na CPI.

“Ele está sendo preso por mentir, por perjúrio e se eu tiver abuso de autoridade, a advogada dele que me processe. Mas ele está detido pelo Brasil. Estamos aqui pelo Brasil, pelos que morreram, pelas vítimas. Todo o depoente que estiver aqui e achar que pode brincar terá o destino dele. Ele está preso e a sessão está encerrada. Pode levar”, disse Aziz, concluindo a sessão.

O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 526.892 mortes e mais de 18,8 milhões de casos positivos de covid-19.

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