Não obstante a pandemia ter condicionado a atuação do governo de António Costa na presidência portuguesa do Conselho Europeu, a verdade é que tínhamos o dever de ter feito mais, nestes seis meses, nomeadamente no âmbito do diálogo e da relação entre a União Europeia e África
Ainda mais, dado a relação entre a União Europeia e África ter sido expressamente assinalada pelo governo como “tópico fundamental” da presidência portuguesa, o que veio elevar ainda mais todas as expectativas.
Acresce que, a realização da Cimeira União Europeia – União Africana seria um momento crucial para se renovar uma abordagem estratégica conjunta e abrangente. E permitiria, ainda, um maior nível de compromisso face à concretização do que viesse a ser acordado de parte a parte.
De resto, de todas as relações que a União Europeia tem, a mais intensa é com África. E cumpre recordar que, noutros tempos, tanto na presidência de 2000, como em 2007, fizemos Cimeiras Europa-África que permitiram o destaque do nosso papel único como ligação entre a Europa e o Atlântico.
Portanto, face à relação privilegiada de Portugal com África e ao nosso histórico, o governo português teria terminado a presidência de 2021 de forma mais positiva se tivesse conseguido agendar e realizar esta Cimeira.
Até porque, na relação entre a União Europeia e África não há apenas desafios, há também oportunidades, temos sido o maior parceiro de África em termos de comércio, investimento e desenvolvimento.
Assim, a par da sua própria transformação digital e ecológica, é importante alargar-se esta parceria no que respeita à transformação económica, passando para uma verdadeira relação de parceria entre iguais, entre os dois continentes, o que se reflete a todos os níveis, desde logo, tanto no comércio, como no funcionamento do apoio ao desenvolvimento.
*Deputada do PSD
