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Bolsonaro demite um ministro a cada 53 dias

João Almeida Moreira

O último foi Ricardo Salles, chamado de pior ministro do ambiente do mundo e alvo dos tribunais por corrupção e contrabando. Lista de destituídos inclui Sergio Moro e três titulares da saúde em plena pandemia.

“Eu entendo que o Brasil, ao longo deste ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa de uma união muito forte de interesses, de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido”.

Com um curto comunicado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pôs fim a dois anos e meio de uma gestão que colocou o Brasil na condição de pária ambiental, segundo ativistas e investidores do país e do mundo.

É o 17º ministro de Jair Bolsonaro a cair em cerca de 20 meses no cargo, o que dá uma média aproximada de uma demissão a cada 53 dias de governo.
Salles, 46 anos, sai num momento em que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, na Operação Akuanduba (Deus índio). O agora ex-ministro é suspeito, em paralelo, de atuar a favor de madeireiros investigados da Operação Handroanthus GLO (nome científico da árvore Ipê), a propósito de extração ilegal de madeira na Amazónia no final do ano passado.

A justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles e a entrega do seu telemóvel pessoal, o que ele só fez 19 dias depois do pedido, razão pela qual o aparelho será examinado nos Estados Unidos. Uma casa do ex-ministro do Meio Ambiente em São Paulo, o imóvel que ele ocupa em Brasília e um gabinete da pasta no Pará foram alvo de buscas da polícia.

Sob Salles, o Brasil bateu recordes de desmatamento: 10.129 km 2, de 2018 a 2019, a primeira vez que a marca de 10.000 km 2 foi superada desde 2008; de 2019 a 2020, entretanto, o número aumentou para 11.088 km 2; o desmatamento da Amazónia foi três vezes superior à meta proposta pelo Brasil para a Convenção da China; em março deste ano, a floresta perdeu 810 km 2, em abril, 778 km 2, em maio, 1180 km 2; uma área equivalente a 40 mil campos de futebol foi desmatada para permitir exploração de minérios: de 2018 a 2019, 423,3 km 2 de terras indígenas acabaram desmatadas, a maior perda desde 2008 e o equivalente a um avanço de 74% face ao ano anterior.

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