Lago Chaka, o “espelho do céu”

por Filipa Rodrigues
Wang Xu

Num calmo lago, sem qualquer ondulação, podemos ver o reflexo das montanhas à distância, cobertas de neve, dando a sensação de se estar perante uma pintura a óleo. O clima no Planalto do Tibete é ligeiramente fresco durante o mês de junho, e o lago salgado Chaka transforma-se num destino turístico para visitantes de todo o país que tiram fotografias e “marcam presença” online

“No ano passado a pandemia impediu-nos de sair de casa. Este ano, visto que a situação epidémica a nível nacional está mais controlada, o turismo está a voltar. As pessoas querem aproveitar as pequenas férias e o movimento da população aumentou de repente”, explica Hua Zhongxing, diretor-geral da empresa de Desenvolvimento de Turismo e Cultura do Lago Salgado Chaka.

O lago fica em Chaka, concelho de Wulan, prefeitura de Haixi, em Qinghai. Está localizado a uma altitude de 3.100 metros acima do nível do mar e ocupa uma área total de 105 quilómetros quadrados. O reflexo na água cristalina e salgada cria um efeito de espelho incrível, dando ao local o nome de “espelho do céu”.

“Há mais de uma década atrás, apenas existia a autoestrada Qinghai-Tibete, fazendo com que o acesso ao local não fosse o mais conveniente, e o número de turistas era, consequentemente baixo. Tratava-se apenas de um lago cheio de sal, o qual era consumido maioritariamente pelas pessoas que aqui viviam. O meu avô e o meu pai trabalharam neste lago”, conta Xu Guang, que cresceu na região.

Em outubro de 2016, foi inaugurada a secção de Xige da Autoestrada Pequim-Lhasa, tornando assim possível fazer uma viagem de ida e volta entre Xining e Chaka num único dia. O pequeno lago de Chaka tornou-se assim “viral”, levando a que cada vez mais pessoas viajassem de carro até ao local para tirar fotografias e marcar a presença neste “hot spot” online.

Foi nesse mesmo ano que Xu Guang se começou a dedicar à prestação de serviços turísticos na região do lago.

“Os meus antepassados costumavam levar o sal de Chaka até às mesas da população. Agora quero mostrar ao mundo a beleza deste lugar”, explica.

Shen Deping, residente da aldeia Bayin, em Chaka, mostra a satisfação pelo desenvolvimento da região quando fala sobre a autoestrada.

“Esta é uma aldeia de realocação e não tínhamos qualquer fonte de rendimento”, lembra Shen Deping. “Quando nos mudámos para perto do Lago Chaka, a vida da família mudou completamente. A estrada traz os visitantes até à nossa porta, e assim conseguimos fazer dinheiro com o turismo”, diz. E, com um sorriso, Shen Deping acrescenta: “Toda a minha família abandonou a aldeia natal. Agora trabalhamos para construir uma pensão de família. Ao longo dos últimos anos o nosso rendimento duplicou”.

De acordo com os dados estatísticos do Departamento de Turismo do conselho de Wulan, em 2012 apenas 54 mil turistas visitaram o lago Chaka. Em 2019 esse número explodiu para os 3,5 milhões. Durante o primeiro de maio deste ano, o lago recebeu mais de 78 mil visitantes, tendo o número de visitantes diários ultrapassado os 25 mil a 3 de maio. Atualmente, um em cada 7 residentes em Chaka é proprietário de um negócio, estando mais de 80 por cento destes relacionados com a indústria do turismo.

Para desenvolver o turismo primeiro é preciso transportes e redes de comunicações. Até ao final de 2020, o total de área de estradas abertas na província de Qinghai atingiu os 83.800 quilómetros, entre estes, 4.040 são autoestradas (classe 1), as quais ligam oito cidades da província e 67 por cento dos concelhos da região.

Com a contínua expansão da rede de transportes, o número de locais considerados “virais” continua também a crescer, como o Parque Geológico Wusuye Yadan, o Lago Esmeralda Dachaidan e a “Vila Marciana”. Qinghai mostra ao mundo a beleza desta região tibetana. O vento sopra e faz voar os lenços vermelhos nas mãos dos visitantes, trazendo ainda mais cor ao espelho deste lado. O turista Sun Bo pega na câmara e tira uma fotografia à mulher. “É a segunda vez que visito Chaka. Descobri o charme único deste local durante os dias nublados”, explica Sun Bo. “Se tiver oportunidade, voltarei para ver todos os locais lindíssimos de Qinghai”, assegura.

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