Pressão internacional

por Filipa Rodrigues
Paulo RegoPaulo Rego*
Paulo Rego

Xi Jinping lançou o alerta: a China precisa de conteúdos que difundam uma imagem positiva do país nos mercados internacionais. A tese faz sentido. Todos os países o querem; por maioria de razão, aqueles que têm ambição global.

Mas o timing e o contexto encerram duas realidades: por um lado, a perceção da necessidade – a imagem da China não é boa. Por outro, aumenta a tensão a ocidente – as barreiras à influência política e económica da China erguem-se um pouco por todo lado.

Joe Biden repõe em Washington a tradição do Partido Democrata: alta pressão sobre regimes não democráticos. Aliás, fácil de antecipar, pela experiência que o novo Presidente norte-americano teve na condução da política externa de Barack Obama. Não está necessariamente em causa a convicção moral ou ideológica. Certo é que, ao contrário do Partido Republicano, mais focado na balança comercial e na realpolitik, Biden vai multiplicar barreiras a quem desafia o domínio de uma civilização que comunica uma superioridade humanista e a defesa das liberdades individuais. Valores, esses, usados para diminuir a imagem do “outro lado”, limitando a margem de aceitação global.

A queda de Trump – passo para o bem da humanidade – é um revés para a imagem de Pequim

Merkel virou a Europa a oriente, aproximando-a da China. Mas esse caminho inverte-se agora para o Atlântico. A queda de Trump – passo para o bem da humanidade – é um revés para a imagem de Pequim. Porque Biden recupera a imagem norte-americana que Trump havia destruído entre os aliados ocidentais.

A mensagem de Xi Jinping faz sentido e é pertinente. Sendo certo que, como em tudo na vida, o marketing político não se faz só de embrulhos – a essência do produto vale mais que o seu desenho a cores. Trump foi uma grande oportunidade para o soft power chinês – o mundo, órfão de um aliado racional em Washington, procurou consolo em Pequim. Agora, se Xi Jinping quer enfrentar o ataque à imagem da China, tem de investir na comunicação – mas também tem de perceber os pontos fracos, diga-se o que se disser deles.

*Diretor-Geral do Plataforma

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