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Galeria angolana This is not a White Cube inaugura quinta-feira novo espaço em Lisboa

A galeria angolana This is not a White Cube, com base em Luanda, inaugura quinta-feira um espaço em Lisboa, para aproveitar Portugal como plataforma estratégica de expansão de artistas lusófonos para a Europa, Estados Unidos e Dubai.

A galeria de arte contemporânea, que representa 25 artistas, irá inaugurar o novo espaço, no Chiado, com uma exposição do trabalho do artista santomense René Tavares, “In Memory We Trust”, que também terá, paralelamente, um núcleo expositivo de obras em Luanda, indicou a curadora Graça Rodrigues, contactada pela agência Lusa.

“Nós tínhamos em Lisboa alguns projetos com base em parcerias com outras instituições, começando pela ARCOmadrid, na secção ´África em Foco´, e organizámos também uma grande exposição. Mas fazia para nós sentido ter uma ligação com a Europa, porque grande parte dos nossos artistas estão entre África e a Europa, e Portugal tornou-se um ponto natural de posicionamento”, explicou a cofundadora da This is not a White Cube, em conjunto com Sónia Ribeiro.

Este novo espaço, em Lisboa, desenhado de raiz, “faz também parte de um movimento mais vasto de internacionalização dos artistas, porque a partir da Europa é mais fácil estabelecer contactos com países como os Estados Unidos e o Dubai”, sustentou Graça Rodrigues.

“O covid-19 acabou por acelerar todo o processo para abrir um espaço em Lisboa. Há um ano, estávamos para abrir esta exposição no Banco Económico, em Luanda, que chegou a ser apresentada à imprensa, toda montada, mas não chegou a abrir ao público, devido à pandemia”, relatou à Lusa.

Forçados a regressar a Lisboa, onde a equipa ficou retida, acabou por decidir redefinir o seu calendário para antecipar o processo de abertura, e começou a desenhar o novo espaço da galeria na capital portuguesa.

“Do ponto de vista estratégico, Portugal é importante por causa da lusofonia, mas queremos ir para além disso. Há uma série de questões sociais, políticas e da estética que os artistas querem ultrapassar, nomeadamente as ligadas às linguagens que são imposições do passado histórico colonial”, comentou a responsável pela direção artística.

Em Lisboa, na nova galeria, na Rua da Emenda nº 72, serão apresentadas na nova exposição as obras mais recentes de René Tavares, nascido em 1983, em São Tomé e Príncipe, segundo a curadora, um dos artistas mais relevantes da sua geração, naquele país.

Na delegação da galeria em Luanda, estará em exposição outro núcleo de obras mais antigas, criadas a partir de 2012.

A This is not a White Cube abriu como galeria de arte contemporânea em Luanda, em 2016, e arrancou com projetos em Portugal em 2019, representando atualmente um total de 25 artistas, sobretudo portugueses, brasileiros e africanos.

No contexto da inauguração, a galeria irá lançar o livro “Tchiloli Unlimited”, de René Tavares, com prefácio do escritor José Eduardo Agualusa, reunindo olhares cruzados sobre os aspetos históricos, sociais e estéticos existentes nesta peça de teatro popular de São Tomé e Príncipe.

Conta ainda com colaborações de Ana Nolasco, investigadora em estética/filosofia, que estabelece a ligação entre o Tchiloli e a arte contemporânea no contexto africano, Luisa Paollineli, docente na Universidade da Madeira, Ângelo Torres, ator e realizador, Adelaide Ginga, curadora, e o ator Manuel Carvalho.

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