Jacarezinho lida com insônia, sustos e flashbacks após operação

por Guilherme Rego
Júlia Barbon e Italo Nogueira

Dez dias depois das 28 mortes, moradores dizem que querem se mudar e organizam rede de afeto.

Bastou ouvir a palavra “operação” que os olhos da ambulante Cristiane, 28, já se encheram de lágrimas. Arrastando seu carrinho com café e lanches por uma das esquinas estreitas do Jacarezinho, ela parou, baixou os olhos, balançou a cabeça e sussurrou que não tinha condições de falar.

Toda vez que ela passa naquela viela, vem à cabeça a cena dos corpos espalhados pelo chão. Foram cerca de quatro perto da sua casa. Ao olhar para cima, volta também a visão dos traficantes pulando as lajes enquanto um deles quebrava o braço, ensanguentado.

Dez dias após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou 28 mortos na favela, incluindo um agente, os moradores lidam com “flashbacks” de momentos de terror, insônia e sustos com qualquer barulho repentino.

​“O gato pula na telha, a gente já fica desesperado”, diz João, que, como muitos que moram há anos na comunidade, nunca havia vivido uma operação parecida com essa. Todos os nomes nesta reportagem foram trocados a pedido dos entrevistados, por medo de retaliações.

Na mesma rua de Cristiane, o pai de uma menina de nove anos que presenciou uma das mortes em sua própria cama, ensopada por uma poça de sangue, também se afastou quando avistou os repórteres e disse cabisbaixo que a família “ainda está muito abalada”.

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