Era social

por Filipa Rodrigues
Paulo RegoPaulo Rego*
Paulo Rego

A última Cimeira Social europeia anunciou uma tendência política estruturante para o futuro próximo – com repercussão planetária: a recuperação económica tem de servir os direitos sociais. Em contraponto com teses recentes, centradas no controlo do défice, em questões ambientais ou na ambição tecnológica.

A distância entre a narrativa e a prática política é muitas vezes decepcionante. O que em parte explica, sobretudo no ocidente, a distância entre governos e cidadãos. Contudo, os eixos teóricos determinam tendências coletivas, decisões individuais estratégias empresariais. No contexto ímpar da crise pandémica, a recuperação do slogan social europeu, em voga no pós-guerra, tem especial relevância na projeção da próxima década.

Seja o regime político democrático ou autoritário, é possível priorizar as pessoas em detrimento de estruturas ou sistemas

No contexto asiático, as últimas décadas foram muito marcadas por discursos sobre a prioridade dos direitos económicos e sociais. A China é um caso paradigmático desse percurso, que tem bases teóricas até mais sofisticadas, por exemplo, em Singapura e na Coreia do Sul. Mas esse tem sido um debate sobretudo ideológico, por contraponto ao debate dos direitos políticos. Que não é agora o caso.

Seja o regime político democrático ou autoritário, é possível priorizar as pessoas em detrimento de estruturas ou sistemas. No fundo, a teoria da legitimidade política assenta sempre bem no desenvolvimento de condições económicas ao serviço das pessoas. É aliás do senso comum que o dilema chinês há muito deixou de ser o crescimento do PIB, mas sim a sua distribuição per capita.

A Cimeira Social europeia, como o plano de investimentos de Biden, nos Estados Unidos, sinalizam a consciência de que as gerações pós-covid serão exigentes no campo dos direitos sociais. Tendência histórica na sequência de períodos de crise profunda.

*Diretor-Geral do Plataforma

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