Crescem pressão por compromissos ambientais e a percepção de que projeto não sai sob Bolsonaro.
O acordo União Europeia-Mercosul tornou-se um “espantalho” no centro da disputa entre políticos europeus e está paralisado à espera de um anexo de compromissos ambientais adicionais que nem começou a ser negociado, segundo legisladores europeus e integrantes do governo dos dois blocos.
A parte comercial do acordo de associação entre ambos foi assinada em junho de 2019, após 20 anos de negociação. Atualmente, o acordo está em revisão jurídica e, em alguns meses, começaria a ser traduzido para as 23 línguas oficiais do bloco europeu. Depois, iria para ratificação no Conselho Europeu, depois para o Parlamento Europeu e, dependendo do formato, também para os Parlamentos nacionais de cada país da UE e do Mercosul.
No entanto, em outubro do ano passado, a maioria dos parlamentares europeus aprovou um texto afirmando que, do jeito que está, o acordo não será ratificado e que são necessários compromissos ambientais adicionais. O texto era simbólico, mas deixou claro que não haveria apoio suficiente ao acordo no Parlamento.
Os negociadores europeus propuseram fazer um “anexo” de compromissos ambientais exigidos pelos Verdes e partidos de esquerda. Seis meses se passaram, houve apenas conversas informais sobre os compromissos adicionais, e o acordo está paralisado.
“Até hoje a UE não começou a negociar esse anexo, eles não sabem nem que compromissos ambientais vão pedir”, disse à Folha o eurodeputado espanhol Jordi Cañas, relator do acordo no Parlamento Europeu.
O novo chanceler brasileiro, Carlos Alberto França, afirmou em audiência na Câmara, na quarta-feira (28), que, “com otimismo, podemos terminar o processo [do acordo com a UE] até o fim do ano que vem.”
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