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Covid-19: Ex-PM timorense lamenta silêncio de chefe do Governo e Presidente

O ex-PM timorense Mari Alkatiri lamentou hoje que os principais titulares dos órgãos de soberania, o chefe do Governo e o Presidente da República, não tenham falado ao país que enfrenta o pior momento desde o início da pandemia.

“Este é o único país em que realmente os principais titulares dos órgãos de soberania e da execução da política têm evitado falar do assunto”, disse Mari Alkatiri à Lusa, questionado sobre a ausência pública do primeiro-ministro e do chefe de Estado.

“Deviam começar a falar à população e muito regularmente, esclarecer a população, regularmente e objetivamente, para não permitir que haja outros a querem aproveitar-se desta lacuna”, enfatizou.

Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) – maior partido do Governo – recorda que durante um ano de pandemia não houve qualquer mensagem à nação do primeiro-ministro.

“Motivo pelo qual tenho evitado falar para não me acusarem de me sobrepor aos órgãos de poder do Estado”, considerou.

Este silêncio dos dois líderes contrasta com a continua presença pública do ex-Presidente da República, Xanana Gusmão, que na última semana visitou algumas comunidades em Díli, ignorando regras de confinamento, distanciamento social e uso de máscaras.

“Quero dizer claramente que não aceito haver líderes nacionais a transmitir mensagens completamente erradas nesta altura da pandemia, por razões políticas. E refiro-me mesmo a Xanana Gusmão”, considerou.

Ainda que o Presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo tenha feito algumas declarações ao país durante a pandemia, nomeadamente aquando de algumas das renovações do estado de emergência, o primeiro-ministro Taur Matan Ruak não fez até agora qualquer discurso ou mensagem ao país.

A agenda pública de Taur Matan Ruak é particularmente reduzida e limitada quase sempre a encontros “internos” e regulares com membros do Governo, e salvo raras exceções inclui quase exclusivamente intervenções institucionais, como é o caso de debates no Parlamento Nacional.

Também as declarações à imprensa são reduzidas, limitando-se quase exclusivamente a curtos comentários depois das tradicionais reuniões semanais com o Presidente da República que, por seu lado, raramente fala com jornalistas.

Vários pedidos de entrevista da Lusa aos dois líderes, desde que assumiram o mandato, não tiveram ainda resposta.

Durante a pandemia foram raras as ocasiões públicas em que quer o chefe de Governo quer o Presidente estiveram em contacto com equipas envolvidas no combate ou visitaram às instituições envolvidas à resposta à covid-19.

Recorde-se que Díli está há uma semana sob cerca sanitária e em confinamento obrigatório, medidas alargadas até pelo menos 02 de abril, depois de se terem registado números recordes de casos da covid-19 em 22 focos na capital.

O país está atualmente com 99 casos ativos, uma cerca sanitária no posto administrativo de Fatumean, no município de Covalima, junto à fronteira com a Indonésia, e cercas sanitárias com confinamento obrigatório a partir de hoje e até 29 de março nos municípios orientais de Baucau e Viqueque.

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