Durante o mês de fevereiro, a estação pública Rádio Macau FM 100.7 fez várias alterações à programação, uma delas envolvendo a rúbrica de música matinal “Until to Dawn”, que deixa o horário das 2 às 6 da manhã, para se estender entre a meia-noite e meia e as 6 da manhã.
Estas cinco horas e meia de programa incluem apenas música e marcação das horas a cada 30 minutos, sem qualquer intervenção ou comentário de um apresentador.
Outra estação local privada, a Radio Vilaverde (FM 99.5), também tem proporcionado um serviço de 24 horas apenas com música. Agora, a Rádio Macau cria também uma “emissão autónoma”.
Foi no início de 2020 que decidiram continuar o programa “Until to Dawn” sem apresentadores, mas que impacto teve esta decisão? Sendo uma emissão de madrugada, a ausência de uma voz humana para acompanhar o ouvinte afeta claramente a qualidade do programa. É como se perdêssemos uma das vozes de Macau.
Este impacto poderá não fazer sentido para um número muito considerável de ouvintes locais, que estarão maioritariamente a dormir durante a emissão, mas é uma alteração que ignora por completo os ouvintes no estrangeiro. A Rádio Macau emite para todo o mundo através da Internet. Há alguns anos atrás, enquanto estudava em Portugal, eram estas emissões que me ajudavam a matar algumas saudades de casa. Depois das aulas, enquanto cozinhava e lavava a loiça, era sempre o “Until to Dawn” que me fazia companhia. Comer ao som de programas em cantonês é algo essencial para quem está há muito tempo longe de Macau.
Em 2019 o Governo canalizou 300 milhões de patacas para o orçamento da Teledifusão de Macau. São compreensíveis alguns ajustamentos de recursos financeiros durante uma pandemia, mas sendo este um serviço público de rádio, as alterações devem ser feitas tendo em consideração as necessidades de todos.
*Editor da edição em chinês do Plataforma
