“Só em 2025 e 2026 é que se perceberá o que a pandemia fez às doenças oncológicas”

por Guilherme Rego
Ana Mafalda Inácio

O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas diz ao DN que uma das consequências da pandemia está à vista: “Foi a senhora ministra dar ordem para se pararem as cirurgias. As oncológicas também pararam, e esta ainda é a arma que mais cura.” Outra é a redução no número de diagnósticos. Uma e outra vão refletir-se na mortalidade.

Neste Dia Mundial contra o Cancro, quais são os números mais atuais de que dispõe e que nos dão um retrato da doença em Portugal?
O Programa Nacional para as Doenças Oncológicas teve agora acesso aos dados preliminares do Registo Oncológico Nacional [RON], que reportam ao ano de 2018. É o primeiro retrato feito pelo RON, que foi criado pelo Governo em 2017, cujo relatório ainda não foi divulgado mas será em breve. Este primeiro retrato regista o aparecimento de 52 500 novos casos naquele ano. Destes, há a registar 7400 casos de cancro da mama, 4600 de cancro do pulmão, 7600 de cancro do cólon e do reto, 2900 de cancro do estômago, 2200 da bexiga, 6100 de cancros da próstata e cerca de 3700 de cancros do sangue, ou dos que chamamos tumores líquidos (linfomas, leucemias, mielomas). Em 2021, teremos os resultados de 2019, sempre números com um atraso de dois anos, que é o que está na lei.

Mas o que é que estes números dizem da realidade portuguesa?
Vamos analisar os dados, tendo em conta o histórico, para definirmos as nossas métricas e as nossas políticas futuras, mas o que nos parece, assim de imediato, e comparativamente com os últimos anos – por exemplo em relação a 2010 -, é que há mais registos de novos casos. O que é normal, porque em 2010 o registo que se fazia não estava tão bem organizado como está o RON.

Quer dizer que não há necessariamente mais casos então, pode ter a ver com maior notificação?
Há mais notificações agora do que nos últimos anos, mas pode ter a ver com a organização das notificações. Com estes dados é fácil perceber já algumas coisas. Por exemplo, o número de cancros do estômago, quase 2900 novos casos. É uma brutalidade. Neste tipo de cancro continuamos no topo da Europa Ocidental e ao nível dos países da Europa de Leste. Já se percebeu que é claramente uma especificidade nossa.

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