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Covid-19: Ativismo digital ganhou força no Brasil em 2020 em plena pandemia

O ativismo digital, principalmente face à pandemia de covid-19 e em protesto contra o racismo, ganhou força em 2020 no Brasil, um dos países mais mobilizados na recolha de assinaturas ‘online’, indicou a plataforma Change.org.

No ano passado, marcado pelo isolamento social e medidas de confinamento para enfrentar o novo coronavírus, os manifestos digitais alcançaram 25 mil petições e 65 milhões de assinaturas no país sul-americano, um aumento de 132% e 9,04%, respetivamente, face ao período anterior.

A retomada mais significativa em 2020, segundo destacou a plataforma num relatório divulgado quarta-feira, verificou-se nos pedidos por justiça racial, que cresceram 374% em relação a 2019, para 223 campanhas, e que tiveram um total de 4,9 milhões de assinaturas, número 22,5 vezes superior em relação às 217.423 arrecadadas um ano antes.

“Em plena pandemia, a recolha de assinaturas acompanhou os grandes movimentos. Foi um ativismo digital para lutar desde casa”, disse à agência Efe a especialista e coordenadora de campanhas do Change.org Brasil, Débora Pinho.

Segundo Débora, o aumento dos pedidos de justiça racial “fortaleceu a luta e a causa” a partir dos casos de George Floyd, um afro-americano morto em maio de 2020 pela polícia dos Estados Unidos, e dos menores brasileiros Miguel de Sousa e João Pedro Mattos.

Miguel, um menino negro de cinco anos, caiu em junho passado do nono andar de um prédio de luxo em Recife (Nordeste) quando estava aos cuidados da patroa da sua mãe, uma empregada doméstica que havia saído do apartamento para levar os animais de estimação da família a passear.

Já João Pedro, um adolescente negro de catorze anos, morreu em maio passado vítima de uma bala perdida durante uma operação policial em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

“O caso de George Floyd foi uma grande revolução. A maior petição da história da Change.org e de todas as plataformas, com quase vinte milhões de assinaturas globais” destacou Débora, que acrescentou que “o Brasil foi o quarto país mais ativo nessa causa”, porque no país existe “um racismo sistemático e estrutural”.

No Brasil, o caso de Miguel “também cresceu muito rapidamente”, alcançando 2,8 milhões de assinaturas, e o de João Pedro, proposto por ativistas nos Estados Unidos, já reúne três milhões de pessoas a seu favor nos dois países.

Com esses casos emblemáticos, explicou Débora, as petições por justiça racial passaram da nona para a segunda posição na plataforma em 2020.

A plataforma informou ainda que as ações relacionadas à pandemia de covid-19, que no Brasil já fez mais de 212 mil mortos e cerca de 8,6 milhões de infetados, também mudaram “o perfil dos utilizadores” do país, que realizaram diversas petições para a melhoria de hospitais, desenvolvimento de vacinas, ajuda governamental e rigor nas quarentenas.

As petições sobre o novo coronavírus representaram mais de 20% do total apresentado em 2020, com 5.797 campanhas, e um terço do número de pessoas que firmaram as suas assinaturas.

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