Líder dissidente da Renamo anuncia trégua para permitir negociações

por Filipe Sousa

O líder dissidente da Renamo, Mariano Nhongo, anunciou hoje a suspensão das emboscadas e ataques de viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir o início, na segunda-feira, de negociações de paz com o governo.

“Eu ordenei a paralisação aos meus militares para não atacarem mais, já parei com a guerra para o povo moçambicano andar livre”, disse à Lusa Mariano Nhongo, em contacto telefónico, ao anunciar a trégua unilateral para colocar fim as hostilidades militares em estradas e aldeias das províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique.

A Junta Militar da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição), liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado.

Mariano Nhongo garantiu que vai enviar para a mesa de diálogo entre segunda-feira e quarta-feira a sua equipa de cinco homens para negociar com o executivo moçambicano, garantindo o seu compromisso com a paz.

O dirigente da autoproclamada Junta Militar da Renamo, que voltou a denunciar a perseguição contra si e seus apoiantes, disse que uma segunda ronda de conversações com Mirko Manzoni, enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas, marcada para sábado, foi cancelada pelo facto de ele estar a se dirigir para um novo esconderijo, onde não há rede de telefonia.

“Vamos terminar com a guerra, eu não quero mais ouvir aviões, nem unidades de intervenção rápidas a pé à procura da Junta Militar da Renamo, vamos terminar com a guerra”, disse Mariano Nhongo.

Na terça-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique capturaram três homens próximos do líder do grupo dissidente da Renamo, um dos quais era seu assistente de campo.

O antigo estratega militar do líder histórico Afonso Dhlakama disse que não vai retaliar a captura dos seus homens, e vai negociar para o governo libertar aqueles que estão detidos.

“É preciso libertá-los para nós negociarmos”, frisou Mariano Nhongo.

O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o governo e a Renamo e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade, a quem acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais de seu antecessor, Afonso Dhlakama, um líder histórico que morreu em maio de 2018.

O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique já havia anunciado que o grupo dissidente da Renamo se manifestou disponível para negociar.

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